A Alemanha se torna neste domingo o décimo quinto país europeu a permitir o casamento homossexual, lei aprovada por Angela Merkel após anos de oposição.
No dia 1º de outubro entra em vigor de uma lei nesse sentido promulgada em julho passado.
E neste domingo, recorrendo a essa fórmula para os homossexuais, várias prefeituras do país celebrarão suas primeiras uniões.
Embora no domingo seja feriado, várias prefeituras como as de Berlim, Hamburgo e Frankfurt permanecerão abertas para a ocasião.
“É um dia que deve ser celebrado à altura de sua importância”, afirmou Knut Mildner-Spindler, vice-prefeito de Friedrichshain-Kreuzberg, bairro da moda da capital alemã.
As primeiras bodas serão realizada em um clima pacífico, apesar da oposição da direita nacionalista da AdF, que obteve resultados históricos nas eleições legislativas.
O partido é atualmente codirigido por uma lésbica militante, Alice Weidel, mãe de dois filhos adotados.
Alemanha se soma à Europa
A lei sobre casamento homossexual votada em 30 de junho modificou o Código Civil ao definir o matrimônio como uma “união entre duas pessoas, de sexo diferente ou idênticos”.
Concretamente, os casais homossexuais que desejam oficializar sua união se beneficiarão dos mesmos direitos que os casais heterossexuais: em termos de impostos, mas sobretudo com a possibilidade de adotar filhos.
A mudança legislativa é o resultado de longos anos de combate da comunidade LGTB.
Respaldada principalmente pelos Verdes, a Associação alemã de gays militava desde 1990 em favor do casamento homossexual.
“Ganhamos uma batalha em 2001 com a aprovação da união civil contra a posição da Igreja protestante, abrindo uma primeira brecha na instituição matrimonial”, disse Steinert.
Nos anos seguintes, as diferenças tributárias entre casais com união civil e as casadas foram se atenuando.
Atualmente, mais de 75% dos alemães são favoráveis ao casamento homossexual, segundo as pesquisas.
Entretanto, as opiniões não são unânimes. Durante muito tempo, Angela Merkel adiou a decisão para não se opôr à ala mais conservadora de sua formação política, o partido social-cristão bávaro CSU, muito apegado a valores familiares tradicionais.
“Paradoxalmente, foi a religião que abriu caminha para o avanço atual: sem o apoio da Igreja protestante, que há anos já havia decidido celebrar casamentos homossexuais religiosos em algumas regiões, (o processo) poderia ter sido mais longo”, avalia Steinert.
Foi a proximidade das eleições legislativas de setembro o que precipitou a aprovação do casamento homossexual.
Inicialmente oposta a essa lei, Angela Merkel surpreendeu em junho passado ao autorizar a seus deputados a pronunciar-se em função de suas próprias convicções, tirando de seus rivais social-democratas a possibilidade de usar o tema como arma eleitoral.
Dias mais tarde, os representantes de esquerda social-democratas, ecologistas e a esquerda radical tomaram-lhe a palavra e submeteram à votação um projeto de lei sobre casamento homossexual que estava bloqueado no Parlamento desde há anos.
O texto foi aprovado por ampla maioria, com o respaldo de uma parte dos representantes conservadores também partidários da medida.
Merkel votou contra, explicando que para ela, “o matrimônio é, segundo a nossa Constituição, a união de um homem e uma mulher”.
Fonte: AFP via swissinfo