Faltando menos de quatro meses para concorrer nas eleições municipais de 2020, o partido do presidente Jair Bolsonaro, Aliança pelo Brasil, vai contar com o apoio das igrejas evangélicas para coletar as 491 mil assinaturas exigidas pela legislação eleitoral.
Líderes evangélicos, como o bispo Robson Rodovalho, presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, e o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, prometeram mobilizar fiéis pelo país para alcançar a meta.
Mas esta mobilização recebeu críticas de um dos principais pastores aliados de Bolsonaro, Silas Malafaia.
“Eu sou tremendamente contra qualquer tentativa de instrumentalizar a igreja para partidos políticos”, disse Silas Malafaia para o colunista do UOL, Chico Alves.
“Os evangélicos como cidadãos, sim, podem apoiar, podem se inscrever, podem fazer parte do que eles quiserem. Mas na hora que se envolve a igreja não acho que esse é um bom caminho. E, na minha visão, também não acho que o Bolsonaro precisa disso.
Tem uns caras que querem ser mais justos que o rei, querem fazer uma graça. Fiquei vendo alguns desses caras que estão falando isso, mas não vi esse pessoal na campanha dando a cara para apanhar. Não sei onde eles estavam. Eu sei onde eu estava.
A igreja é de Jesus, não apoia ninguém, quem apoia sou eu, quem apoia são as pessoas que pertencem à igreja. Dizer ‘a igreja tal vai apoiar’, acho uma imoralidade um pastor um líder evangélico dizer isso. Eu não apoio isso.”
A afirmação surpreende, uma vez que Malafaia, líder do ministério Vitória em Cristo e presidente do Conselho de Pastores do Brasil, apoiou Bolsonaro desde o primeiro momento da campanha. No entanto, ele explica que não se deve confundir engajamento pessoal com alinhamento da igreja a partidos.
“Ficam aí uns puxa-sacos, querendo fazer graça para ganhar cartaz, gente que quer aparecer na mídia, então tem que arrumar uns negócios para aparecer”, contesta.
“Digo que de 75% a 80% dos evangélicos apoiam Bolsonaro. Mas entre apoiar Bolsonaro e ser instrumento para criar partido político, a distância é daqui para Marte. E tem mais: 90% dos pastores não entram nessa. Os que organizam esse movimento não têm essa legitimidade. Vou dar risada, vou dar risada com força.”
Malafaia explica que recebeu Bolsonaro em sua igreja logo após a eleição pois a Bíblia fala que é preciso abençoar as autoridades, não porque quisesse atrelar religião a política. Argumenta que faria o mesmo qualquer que fosse o vencedor.
Fonte: UOL – Colunista Chico Alves