Sobreviventes desesperados do ciclone Nargis deixaram o delta do rio Irrawaddy, em Mianmar, em busca de comida, água e medicamentos, mas equipes de ajuda humanitária disseram neste domingo que milhares de pessoas morreriam se os suprimentos de emergência não chegassem logo.
Templos budistas e escolas nos subúrbios no rastro de destruição do ciclone estão servindo de abrigo para refugiados.
A agência humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU) informou em uma nova avaliação que entre 1,2 milhão e 1,9 milhão de pessoas batalhavam para sobreviver após a tempestade, ocorrida há oito dias.
“Devido à gravidade da situação, incluindo a falta de comida e água, alguns parceiros reportaram temores por falta de segurança e comportamentos violentos nas áreas mais afetadas”, informou o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários.
A agência informou que “o número de mortes pode variar entre 63.290 e 101.682 pessoas. Outras 220.000 estão desaparecidas”. Em 1991, um ciclone em Bangladesh matou 143.000 pessoas.
O governo militar de Mianmar aceitou ajuda de outras partes do mundo, incluindo das Nações Unidas, mas não deixará entrar no país equipes estrangeiras de logística.
NAVIO DA CRUZ VERMELHA AFUNDA
Na cidade de Labutta, onde 80 por cento das casas foram destruídas, as autoridades estão providenciando uma xícara de arroz por família ao dia, informou uma autoridade da Comissão Européia à Reuters.
Em um revés aos esforços de ajuda, uma embarcação que carregava um dos primeiros suprimentos aos sobreviventes afundou, informou a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Mianmar aumentou neste domingo o número de mortos para 28.458 e o de desaparecidos para 33.416. A maioria das vítimas foi morta pela onda de 3,5 metros de altura que atingiu o delta junto com o ciclone de categoria 4 e ventos de 190 quilômetros por hora.
A agência internacional Oxfam afirmou que 1,5 milhão de pessoas correm risco se uma ajuda do porte da oferecida a um tsunami não for mobilizada. O ciclone foi um dos piores desastres naturais desde o tsunami ocorrido no Oceano Índico em 26 de dezembro de 2004.
A Austrália respondeu a um apelo da ONU por uma ajuda de 187 milhões de dólares e aumentou sua contribuição para 23,4 milhões de dólares.
A França deve trazer 1.500 toneladas de arroz a bordo do navio Mistral, que chegará às águas de Mianmar no meio desta semana, informou neste domingo o Ministério das Relações Exteriores francês.
Fonte: Reuters