A lei que garante a distribuição gratuita de pílula e camisinhas teve a sua adoção postergada por mais de uma década, devido ao lobby conservador cristão.

Uma lei que subsidia o controle de natalidade entrou em vigor nas Filipinas, em meio a enfrentamentos entre a Igreja Católica e o Parlamento do país, que aprovou a legislação em dezembro.

A partir de agora, o governo terá de disponibilizar métodos anticoncepcionais à população e aulas de educação sexual entrarão no currículo das escolas públicas e privadas.

Cerca de 80% dos cerca de 100 milhões de habitantes são católicos, o que faz do país o terceiro maior em número de fiéis, atrás apenas do Brasil e do México. O país também tem uma das maiores taxas de crescimento populacional do mundo.

A lei que garante a distribuição gratuita de pílula e camisinhas teve a sua adoção postergada por mais de uma década, devido ao lobby conservador cristão.

A Igreja faz duras críticas à lei e advertiu que políticos progressistas no tema de saúde reprodutiva sofrerão consequências nas eleições parciais deste ano.

Segundo a agência de notícias Associated Press, ‘o acesso amplo e livre a anticoncepcionais vai destruir a vida familiar no país’. A crítica foi ecoada por um político, que disse ao jornal local Manila Bulletin que a lei ‘visa destruir a cultura orientada à família’.

Mas os argumentos foram desafiados abertamente por parlamentares, num sinal de abertura no país tradicional, segundo observadores.

[b]Qualidade de vida[/b]
Defensores da lei argumentam, entre outras coisas, que núcleos familiares com menos filhos poderão garantir uma qualidade de vida melhor, elevando a renda e o nível de estudo.

De acordo com estatísticas das Nações Unidas, na última década a incidência média de adolescentes grávidas foi de 53 casos para cada mil mulheres.

As famílias filipinas ganham na média ao ano 206 mil pessos – R$ 9,900 -, e cada mulher tem 3,1 filhos, apontam dados do Escritório Nacional de Estatísticas e do Banco Mundial.

Apesar dos números, o forte lobby religioso havia conseguido barrar tentativas anteriores de implementar iniciativas governamentais de controle de natalidade.

O carismático presidente Benigno Aquino, que é à favor do controle, só conquistou a aprovação da Assembleia depois de intensa negociação política.

O autor da lei, Edcel Lagman, alega em seu site que a legislação conta com o apoio de 92% dos filipinos, citando um levantamento da consultoria Pulse Asia.

Apesar da ampla aceitação do controle de natalidade, conservadores ainda desejam reverter a nova realidade e entraram com ação na Justiça questionando a constitucionalidade da lei.

A doméstica Daisy Labaco, original de Manila e mãe de dois filhos, acredita que a iniciativa é positiva e irreversível.

‘Precisamos trabalhar, precisamos estudar. É bom para homens e mulheres se conseguirmos ter famílias menores’, conclui.

[b]Fonte: G1[/b]

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