Igreja de São Jorge, em Londres, transformada em igreja-café
Igreja de São Jorge, em Londres, transformada em igreja-café

O burburinho dentro da Igreja de São Paulo, em Margate, cidade litorânea a 130 km de Londres, parece mais com o de uma cafeteria em horário de pico do que com uma missa.

As pessoas conversam descontraidamente na nave central, a área que vai da porta até o altar, mas não estão sentadas em fileiras como costuma ser em uma igreja. As cadeiras formam pequenos grupos, e os copos de café estão por todas as partes.

Este é mais um encontro do pioneiro projeto “Ignite” (do inglês, inflamar ou incendiar), que prega o Evangelho em reuniões descontraídas e interativas e que, após dez anos de existência, será replicado em outras nove paróquias como parte do plano de renovação e reforma da Igreja Anglicana, anunciado em julho.

Também conhecida como Igreja da Inglaterra, ela foi criada no século 16, após o rei inglês Henrique 8º romper com o catolicismo romano e o papa. Atualmente, o número de praticantes no país chega a 1,1 milhão, o equivalente a 2% da população em 2016. No mundo, segundo a Comunhão Anglicana, são 85 milhões de seguidores em 165 países, incluindo o Brasil.

O burburinho dentro da Igreja de São Paulo, em Margate, cidade litorânea a 130 km de Londres, parece mais com o de uma cafeteria em horário de pico do que com uma missa.

As pessoas conversam descontraidamente na nave central, a área que vai da porta até o altar, mas não estão sentadas em fileiras como costuma ser em uma igreja. As cadeiras formam pequenos grupos, e os copos de café estão por todas as partes.

Este é mais um encontro do pioneiro projeto “Ignite” (do inglês, inflamar ou incendiar), que prega o Evangelho em reuniões descontraídas e interativas e que, após dez anos de existência, será replicado em outras nove paróquias como parte do plano de renovação e reforma da Igreja Anglicana, anunciado em julho.

Também conhecida como Igreja da Inglaterra, ela foi criada no século 16, após o rei inglês Henrique 8º romper com o catolicismo romano e o papa. Atualmente, o número de praticantes no país chega a 1,1 milhão, o equivalente a 2% da população em 2016. No mundo, segundo a Comunhão Anglicana, são 85 milhões de seguidores em 165 países, incluindo o Brasil.

A cada reunião semanal, ela e o marido, o reverendo Patrick Ellisdon, recebem os participantes com café e uma refeição de cortesia. Cada um ganha uma etiqueta com nome, o que torna a abordagem mais próxima. São pessoas que vivem na região, uma das mais pobres do país. Algumas têm problemas com álcool, outras são moradoras de rua.

“O evento principal é uma maneira de apresentar a igreja a eles, a mensagem cristã. Separamos em equipes, de acordo com o estilo de vida. Se há pessoas com problemas com álcool, às vezes é bom olhar o que a Bíblia diz sobre isso”, complementa Debbie.

O maior desafio é manter a programação sem interrupções. “São pessoas que têm curto período de atenção, as atividades que fazemos têm oito minutos de duração.” E o Evangelho é alternado com temas mais mundanos, como os tipos de fungos, por exemplo.

Com essa abordagem diferenciada, a Igreja Anglicana pretende reverter o gradual declínio no número de seguidores. No último Censo feito pela instituição, divulgado em 2017 e referente aos dados coletados em 2016, a adesão a eventos como batismo, casamento e missas dominicais caiu entre 10% e 15% entre 2006 e 2016.

Cafeterias cristãs e comerciais

Apesar do declínio no número de fiéis, algumas igrejas em Londres testemunham um movimentado entra e sai, não importa o dia da semana ou se está na hora da missa. São pessoas não necessariamente em busca da palavra de Deus, e sim atrás de um café quentinho, chá ou alguma guloseima.

As cafeterias dentro de igrejas estão conquistando clientes em Londres. A proposta é diferente do ‘Ignite’ já que aqui a operação é comercial, e os preços são similares aos praticados pelo mercado.

Há quem louve o ambiente calmo e silencioso do templo cristão para abrir o computador, calibrar o cérebro com uma dose de cafeína e se concentrar no trabalho da faculdade. “É o melhor dos dois mundos. Nem tão opressivo quanto o silêncio de uma biblioteca, nem tão barulhento quanto um Starbucks”, argumenta o estudante universitário Rick Howart, comparando o clima com a famosa rede de cafés. Ele fazia ajustes em um ensaio ao mesmo tempo em que terminava um café na Igreja de São Jorge, na região central da cidade.

O café São Jorge fica literalmente dentro da igreja e ocupa grande parte do interior, quando não há missa, claro. Um espresso sai por 1,80 euros, cerca de R$ 8.

Sofás, poltronas e mesas comunitárias se espalham pela nave. O altar fica reservado para quem quiser rezar, mas, nas quase três horas em que a reportagem esteve no local, ninguém parecia estar na igreja por motivos religiosos, apesar da grande rotatividade de pessoas.

Nesse tempo, um grupo de amigas conversou animadamente enquanto fazia um lanche rápido, um casal tomou chá e trocou beijos no sofá e, numa mesa ao lado, a conversa parecia uma entrevista de emprego.

Com um livro na mão e uma xícara de café na outra, a aposentada Vera Spencer conta ao UOL que mora no bairro e volta sempre porque gosta da atmosfera do lugar. Ela, que é cristã, enxerga a igreja como um espaço da comunidade local, mesmo que seja numa cidade tão populosa como Londres. “Dizem que os ingleses são fechados, mas eu venho aqui para ler e conversar com as pessoas.”

Por Claudia Silveira
Colaboração para o UOL, em Londres

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