Apesar de sua preocupação em se desvincular da Igreja Universal, Marcelo Crivella (PRB) escalou para um dos cargos mais importantes de sua campanha à Prefeitura do Rio um parente e colaborador próximo do fundador da Iurd: primo e homem de confiança do bispo Edir Macedo, Mauro Macedo é o tesoureiro da campanha do senador.

Mauro foi diretor financeiro da Line Records -gravadora vinculada à Igreja Universal- até ao menos fevereiro deste ano. Saiu para assumir as contas da campanha do senador.

Mauro não é evangélico, e sim católico. Ele é tido como um administrador competente, capaz de reverter prejuízos em lucro. Entrou na Line Records quando a empresa amargava prejuízos financeiros, apesar da enorme clientela potencial. Ao deixar a função, tinha tornado a gravadora superavitária.

É a ele que bispo Macedo recorre em crises financeiras ou quando suspeita da administração de alguma empresa do grupo. O líder da igreja o considera mais próximo que seu próprio irmão. Mauro conseguiu reduzir em cerca de 30% o preço de construção da Catedral da Fé, em Del Castilho, e já dirigiu a Gráfica Universal, responsável por publicações da Iurd.

Como tesoureiro de Crivella, tem como função obter doações para a campanha. Ele não é o tesoureiro oficial do PRB. No primeiro mês de propaganda, o senador gastou 154% a mais do que arrecadou.

Compromisso

No primeiro dia da campanha, em julho, Crivella divulgou a “Carta ao Povo do Rio”, afirmando que não contrataria nenhum membro da Iurd ou parentes se vencesse a eleição: “Pretendo dar uma demonstração clara e inequívoca de que não serei de forma alguma o prefeito de uma instituição religiosa. Mas sim de todas as crenças, de todas as religiões, de todos os cariocas”. Por meio de sua assessoria, Crivella afirmou que Mauro é “uma pessoa de extrema confiança”. “A participação dele na campanha não quer dizer que vá assumir algum cargo no secretariado.”

A assessoria afirmou que Mauro não falaria com a Folha.

A campanha de Crivella conta também com ex-funcionário da TV Record. O ex-diretor de marketing da Record Rio, Isaias Zavarise, é o coordenador da campanha do senador.

Católico, Zavarise afirma que é “voluntário”. “Acreditei na proposta de ajudar aos pobres e me empenhei na campanha.” Ele diz ter se demitido em junho da Record Rio: “A Record não tem nada a ver com a Igreja Universal. Ela só compra horários na programação, assim como em outras emissoras”. O bispo Macedo deu a mesma versão à Folha em outubro.

Bispo licenciado da Igreja Universal e sobrinho de Macedo, Crivella tenta se desvincular da imagem de político representante da igreja para diminuir sua rejeição (31%).

Crivella: não vou misturar política com religião

O senador e bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella (PRB), que concorre à prefeitura do Rio de Janeiro, aproveitou o primeiro dia de campanha no rádio e na televisão para esclarecer que seu lado religioso não irá influenciar o governo municipal, caso ele seja eleito. “Não vou misturar política com religião. Vou governar para todos”, disse.

A mesma frase foi repetida ao longo do dia nas entradas de 30 segundos no rádio e abriu o programa noturno do candidato na televisão. Nas gravações inseridas durante a programação das emissoras de rádio, Crivella disse ainda que não irá adotar medidas contra os homossexuais.

O candidato aproveitou o programa do horário nobre da TV para reclamar do tempo que tem. Ele alega que não pode exibir todas as suas propostas com um minuto e 50 segundos.

Fonte: Folha de São Paulo e Terra

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