Líderes das igrejas ortodoxas e protestantes criticaram ontem o documento divulgado pela Congregação para a Doutrina da Fé, afirmando que o texto representa um obstáculo ao avanço do diálogo ecumênico e inter-religioso.

“É um texto hostil ao ecumenismo, porque considera “parciais” as igrejas não-católicas”, diz o reverendo Manoel de Souza Miranda, da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil.

Miranda esteve entre os líderes religiosos recebidos pelo papa Bento 16 em São Paulo em maio. A brevidade do encontro, diz ele, foi reveladora da importância dada pelo pontífice à questão. “O papa não nos dedicou mais do que 15 minutos.” O reverendo crê que, apesar do “constrangimento” causado pelo texto, a Igreja Católica no Brasil continuará empenhada no ecumenismo, “um caminho irreversível”, independentemente das opiniões do Vaticano.

“É um grande passo para trás na relação da igreja com as outras comunidades cristãs”, disse ao jornal “Coriere della Sera” o presidente da Federação das Igrejas Evangélicas da Itália, Domenico Maselli.

Para o bispo Christopher Epting, responsável pelo comitê de relações ecumênicas e inter-religiosas da Igreja Episcopal dos EUA, o texto não traz novidade, mas mostra que o diálogo não avança: “Para nós, como anglicanos, não há novidade. Estamos neste diálogo há 40 anos, mas seguimos discordando desta posição”.

Já o metropolita Kirill, da Igreja Ortodoxa Russa, disse que “o princípio de unidade reivindicado pela Igreja Católica vale plenamente também para a Igreja Ortodoxa, que é herdeira direta da antiga igreja unida”.

Fonte: Folha de São Paulo

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