Há três anos, no distrito de Kandhamal, na Índia, cristãos foram vítimas de violência sem precedentes vindas de radicais hindus. A situação está longe de ser normal, como explicado por Raphael Cheenath, arcebispo de Cuttack-Bhubaneshwar.
Após os ataques, os cristãos foram transferidos para cinco campos de refugiados; depois receberam a permissão do líder radical hindu, Sangh Parivar, para retornar às suas casas, mas somente se voltassem ao hinduísmo.
“A liberdade religiosa é ainda muita fraca em Kandhamal: o reinado do terror continua, embora limitado”, disse Raphael Cheenath, três anos após sangrentos ataques contra cristãos, injustamente acusados de matar um hindu.
Em 23 de agosto de 2008, cerca de 30 homens armados entraram no Jalespta Ashram, em Kandhamal, onde mataram Laxamanananda Saraswati e quatro de seus seguidores. O cortejo fúnebre para esse líder hindu durou dois dias. Foram percorridos 250 quilômetros, parando em igrejas e lares cristãos.
A violência hindu, então, começou, levando à destruição de 300 igrejas, incêndio de 5.600 casas e fuga de mais de 56 mil cristãos da região. Uma freira e outras duas mulheres foram estupradas e muito molestadas. Apesar de Sarawasti ter sido assassinado pelos maoístas, e não por cristãos, foi isso o que aconteceu.
O arcebispo de Cheenath descreve a situação atual: “Enquanto 25 mil pessoas estão voltando para suas casas, sendo transferidas, seus traumas ainda estão vivos. A violência contra nós aumenta a nossa vulnerabilidade e medo. Em dez aldeias, as pessoas não conseguem voltar para casa, mesmo sem hostilidade na região.”
“Enquanto os cristãos de Kandhamal não forem compensados como merecem, com a reconstrução das igrejas e de outros edifícios e a punição dos culpados pelos ataques, não haverá justiça”, disse o arcebispo Cheenath.
Há poucos dias, a Suprema Corte da Índia pediu ao governo para explicar o que define como ‘má gestão dos esforços de assistência e reabilitação para as vítimas de massacre’ em Kandhamal.
Segundo o tribunal de justiça, o governo de Orissa tem muito a explicar, depois de ouvirem o testemunho do arcebispo Cheenath. O governo de Orissa tem duas semanas para responder às acusações.
[b]Fonte: Portas Abertas[/b]