O tribunal de Comarca de Luanda condenou, nesta quinta-feira, 31 de março, o ex-líder espiritual da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, o bispo brasileiro Honorilton Gonçalves da Costa, a três anos de prisão com pena suspensa por crime de violência doméstica do tipo psicológico, por coagir pastores angolanos a submeterem-se a vasectomia.
A Justiça angolana ainda determinou que o bispo pague indenizações aos religiosos Alfredo Faustino e Jimy Inácio, nos valores de 30 milhões de kwanzas (R$ 313 mil) e 15 milhões de kwanzas (R$ 156 mil), respectivamente.
O bispo brasileiro foi absolvido dos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro, burla por defraudação e expatriação ilícita de capitais que pesavam a todos os réus.
O ex-diretor da TV Record Angola, Francisco Teixeira, o atual a presidente do conselho administrativo da IURD em Angola, o bispo angolano António Ferraz, e o pastor angolano Belo Kifua foram absolvidos de todas as acusações. O tribunal ordenou o desbloqueio das contas e a restituição dos bens apreendidos.
Por meio de comunicado divulgado em seu site, a Universal informou que “estimula, publicamente, o planejamento familiar consciente, discutido de modo livre e responsável por cada casal. Em Angola, 50% dos pastores e bispos têm filhos, porque esta é a opção deles”.
“A Igreja respeita as leis, as autoridades locais e a cultura de Angola e de todos os demais 136 países onde está presente no mundo, e recorrerá da decisão de acordo com a legislação local”, finalizou.
Em publicação em seu perfil no Instagram, o bispo Honorilton Gonçalves disse que “a justiça foi feita. O povo de Angola, que estava esperando há tanto tempo por esta decisão, eu imagino que deve estar muito feliz. Os pastores, obreiros, membros… todos os que têm suportado as acusações completamente infundadas”.
Gestão da igreja em Angola
O juiz da causa, Tutri António, esclareceu que o tribunal julgou apenas matérias que constituem crimes no processo. Sobre a gestão da igreja, as partes deverão litigar noutra instância judicial.
“É uma questão que deve ser resolvida no outro tribunal. As pessoas que estão aqui a disputar pela igreja têm advogados e os advogados sabem onde devem se dirigir para poder determinar com quem vai ficar a gestão da igreja, quem vai receber de volta os bens que o tribunal mandou restituir. Portanto, esta parte já não me compete, já não compete aos meus colegas, e por esta razão, não nos pronunciamos”, frisou.
Igreja em conflito
A IURD em Angola está em conflito desde 2019, quando os angolanos destituíram o chamado “grupo brasileiro” e assumiram a Universal no país.
Em seguida, fecharam a TV Record, que não é mais transmitida lá.
Em 2020, autoridades locais começaram a fechar também uma série de templos pelo país.
Em abril do ano passado, mais de 50 pastores e bispos da igreja foram expulsos pelo governo.
Folha Gospel com informações de R7 e IstoÉ