Anunciante deixou programa por causa de protesto de grupo conservador da Flórida.

Um novo seriado de reality show da TV a cabo dos EUA vem causando polêmica ao mostrar a rotina de cinco famílias numa pequena cidade de Michigan.

No programa, há conflitos com uma nova gravidez, uma mulher de 32 anos que quer sair da casa dos pais e uma mãe que leva as filhas para comprar roupas. Tudo muito normal, se os participantes não fossem todos americanos muçulmanos.

Depois de um mês no ar sem chamar muita atenção, o reality show “All-American Muslim” perdeu recentemente um de seus principais anunciantes, a Lowe’s, uma rede de material de construção e eletrodomésticos, após protestos de um pequeno grupo conservador da Flórida que afirma que o programa é manipulador.

“O seriado mostra apenas muçulmanos que aparentam ser pessoas comuns e exclui muitos crentes islâmicos que possuem uma clara e perigosa agenda contra liberdades e valores tradicionais da maioria americana”, escreveu em seu site o grupo Florida Family Association, que acabou invadido por hackers na segunda-feira. “Claramente este programa tenta manipular os americanos para que ignorem a ameaça da jihad.”

Artistas, políticos e grupos de direitos humanos pediram o boicote às lojas da rede, que se defendeu na sua página do Facebook afirmando que o programa é um “para-raios de fortes visões políticas e sociais”. A audiência do reality show chega a um milhão de espectadores por semana.

Uma porta-voz da Lowe’s afirmou à Reuters que “dezenas” de companhias também retiraram seus anúncios do programa, mas a o canal TLC não confirmou a informação.

“All-American Muslim” se passa em Dearborn, cidade que tem a maior mesquita dos EUA e a maior comunidade muçulmana do país. Cada episódio mostra uma história ou conflito de uma família, como a do técnico de futebol americano Fouad Zaban, que faz com que os treinos não coincidam com o seu jejum do Ramadã.

O Comitê Árabe-Americano Antidiscriminação divulgou um comunicado condenando a Lowe’s. “É triste que corporações como esta sucumbam às idiossincrasias de campanhas ridículas, orquestradas por grupos com falta de credibilidade e fundamentados em noções básicas de racismo”, diz a nota.

[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]

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