O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) denunciou nesta quinta-feira a violência sofrida por crianças do Afeganistão, vítimas tanto de talibãs quanto das forças da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Em relatório apresentado em Genebra, baseado na reportagem realizada pelo embaixador do Unicef para urgências humanitárias, Martin Bell, a entidade evidencia os riscos que as crianças sofrem no país, muitas vezes provocados pela guerra.

O Unicef afirma que não só se preocupa com as ações dos talibãs e outros insurgentes, como também pelas ofensivas da Otan e por sua Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), composta por soldados de 37 países.

“O recurso das operações aéreas para dar apoio aos soldados coloca as crianças em situação de risco”, diz o relatório.

O Unicef lembra que os talibãs não assinaram nenhum convênio internacional, mas os países-membros da Otan sim. Além disso, eles são membros da Convenção de Genebra, “o que os compromete a proteger civis nos conflitos armados”.

O texto denuncia ainda que os talibãs forçam os menores a participar de combates, tanto como soldados quanto na retaguarda e destaca que muitas meninas são vítimas de violência sexual.

Outra preocupação dos funcionários do Unicef são os bombardeios às escolas, que foram alvo de mísseis em mais de quatro ocasiões.

“Não sabemos a razão específica desses ataques, mas supomos que acontecem porque as escolas são o lugar onde se desenvolve o progresso”, disse em entrevista coletiva a representante da entidade no país, Catherine Mbengue.

Apesar da situação, a representante do Unicef comemorou o acesso de mais de 6 milhões de crianças à escola. Em 2001, ano da invasão, o número foi de apenas 1 milhão.

Porém, segundo números do Ministério da Educação afegão, pelo menos 1 milhão de meninas ainda não estão escolarizadas, o que representa 35% da população total de mulheres nessa faixa etária.

O relatório lembra também as condições sanitárias das crianças afegãs.

O Unicef estima que, em 2006, a cada dia morreram quase 900 crianças menores de 5 anos, e em 2005, foram mais de 60 mulheres por dia por razões relacionadas à gravidez.

Para enfrentar as circunstâncias, o Unicef conta com um orçamento anual de US$ 80 milhões.

Fonte: EFE

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