Há duas semanas, o Vaticano abriu aos estudiosos, seu arquivo secreto, no que se refere a um novo bloco de anos: o que cobre o pontificado de Pio XI, de 1922 a 1939.

Os novos arquivos agora disponíveis chegam a milhões. Os estudiosos que, desde o primeiro dia da abertura das consultas, lotaram o arquivo, se viram diante de pelo menos 59 novos volumes, só de índices. E tudo procedente da primeira sessão da Secretaria de Estado vaticana.

São documentos indispensáveis para o estudo da história do século XIX. A figura dominante é a do Papa Pio XI. Mas aparece também com destaque, o então secretário de Estado, Eugênio Pacelli, futuro Pio XII.

Entre os documentos vaticanos daquele período ficam excluídas as consultas às atas dos conclave que, no dia 6 de fevereiro de 1922, elegeu a Papa o então cardeal-arcebispo de Milão, Achille Ratti. A proibição de tornar públicas as atas dos conclaves foi estabelecida pela nova legislação da Santa Sé sobre os arquivos, promulgada por João Paulo II, no dia 21 de março de 2005, pouco antes de sua morte.

Entre os novos documentos colocados à disposição dos estudiosos há, porém, uma grande surpresa. São as anotações que o então secretário de Estado, Pacelli, fazia pessoalmente, após cada audiência com Pio XI e com os diplomatas acreditados junto à Santa Sé. O Cardeal Pacelli iniciou seu diário em agosto de 1930, ou seja, seis meses após ter assumido a função de secretário de Estado, e continuou até à morte de Pio XI, no dia 10 de fevereiro de 1939.

“São milhares de folhas autografadas, escritas com a típica grafia de Pacelli, nada fácil” _ explica o prefeito do Arquivo Secreto Vaticano, o barnabita Sergio Pagano. Dessa fonte preciosa, o mesmo Pagano está preparando uma edição integral, que compreenderá pelo menos quinze volumes. O primeiro _ relativo a 1930 _ será publicado na primavera européia de 2007.

Padre Sergio Pagano, 58 anos, nascido em Gênova, é prefeito do Arquivo Secreto Vaticano desde 1997. É membro dos “Monumenta Germaniae Historica” e autor de mais de 130 publicações científicas.

Em sua última obra _ “As cartas da mesa sagrada” _ em dois volumes elaborados em parceria com Alejandro Dieguez, publicou os documentos do arquivo privado de Pio X, que lançou uma nova luz sobre um pontificado controvertido, mas decisivo para a história do Catolicismo contemporâneo.

Fonte: Rádio Vaticano

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