O Vaticano esclareceu neste sábado em Luanda, capital de Angola, que a condenação a toda forma de aborto na África pronunciada na véspera pelo Papa Bento XVI não inclui os abortos “indiretos” nem casos limites como o ocorrido no Brasil com uma menina de nove anos.
O Vaticano criticou a excomunhão da mãe brasileira por meio do presidente da Academia Pontifícia para a Vida, o arcebispo Rino Fisichella. “Antes de pensar em uma excomunhão era necessário e urgente salvaguardar a vida inocente da menina”, afirmou Fisichella.
“A moral da Igreja desde sempre aceita o aborto indireto, como quando uma mãe está gravemente doente e deve ser curada e a criança pode perder a vida em consequência disso. Se tenta curar a mãe”, afirmou Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.
Na condenação de sexta-feira, o Sumo Pontífice mencionou o artigo 14 do Protocolo de Maputo, a carta sobre os Direitos da Mulher na África, que fala do direito ao aborto, entre eles quando a mulher corro risco tanto físico como psicológico.
“O Papa não falou de aborto terapêutico, nem do que deve ser rejeitado, o que condena é que o aborto seja introduzido como meio de controle da natalidade”, explicou Lombardi.
O porta-voz da Santa Sé citou o caso do Brasil, com a excomunhão da mãe que autorizou o aborto na filha de nove anos, que havia sido violentada pelo padrasto, uma decisão tomada pelo arcebispo de Recife, José Cardoso Sobrinho, que foi criticado até em meios católicos. “Foi um caso limite. Foi uma excomunhão declarada em uma situação de extrema dificuldade”, disse Lombardi.
Fonte: JC Online