O papa Bento 16 aprovou o conteúdo de uma declaração em tom conciliador para acalmar os judeus indignados com a aprovação de uma oração da Sexta-Feira Santa vista como um chamado à conversão deles, afirmaram na segunda-feira membros das comunidades católica e judaica.

A declaração, a ser provavelmente divulgada em forma de carta enviada pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, ao rabino-chefe de Israel, deve ser divulgada dentro em breve, mas talvez não antes da Sexta-Feira Santa próxima, 21 de março.

Bertone está abaixo apenas do papa na hierarquia da Santa Sé, significando que o comunicado parte dos mais altos escalões da Igreja Católica, conforme havia sido exigido pelos judeus, afirmaram as fontes.

No mês passado, o Vaticano reviu um polêmico missal em latim usado pela minoria tradicionalista da Igreja na Sexta-Feira Santa, retirando dele uma referência à “cegueira” judaica a respeito de Cristo e apagando a frase na qual se pedia que Deus “retirasse o véu de seus corações”. Na Sexta-Feira Santa, os católicos lembram a crucificação de Jesus.

Os judeus criticaram a nova versão porque esta ainda diz que eles deveriam reconhecer em Cristo o salvador de todos os homens. A oração pede que “Israel inteiro seja salvo” e preserva uma defesa sutil da conversão, algo que os judeus também queriam ver retirado.

O cardeal Bertone deve dizer na carta que a nova oração não é um apelo à conversão ou um ato de proselitismo e que não haveria retrocessos no diálogo entre as duas religiões.

A carta deve ressaltar ainda a idéia de que a salvação, incluindo a de Israel, está nas mãos de Deus e que a oração não é uma defesa da atividade de missionários.

As reclamações dos grupos judaicos surgiram no ano passado, quando o papa autorizou um uso mais amplo da Missa em Latim e de um missal (livro de orações) que haviam sido deixados de lado nas reformas do Concílio Vaticano Segundo, realizado entre 1962 e 1965.

Fonte: Reuters

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