Igreja CatólicaO Vaticano publicou, como faz regularmente, o “boletim de saúde” da Igreja Católica que revela que houve um recuo leve mas insignificante no número de católicos no mundo: em 1978, período de referência, os católicos constituíam 17,75% da população mundial. Neste ano, eles caíram para 17,19%.

Em números absolutos, o catolicismo continua imponente: são 1,098 bilhão de católicos no planeta. Esses números não confirmam absolutamente o declínio, muitas vezes anunciado como um primeiro capítulo do Apocalipse, dessa religião.

Descendo aos detalhes, porém, as coisas se complicam quando se observa deslocamentos significativos no interior da comunidade católica mundial. A Europa, que durante muito tempo foi a “filha mais velha da Igreja”, ficou “na mesma”, mas até ela sofreu um recuo. Hoje, o grosso das forças católicas é recrutado na América (548 milhões, ou 62%, do total de católicos do mundo). As duas maiores nações católicas do mundo são Brasil e México.

A Europa está em declínio. De 1978 para cá, ela perdeu dez pontos porcentuais. Mas foi o continente africano, em particular, que registrou um grande avanço: em 25 anos, o peso do continente “negro” no seio da catolicidade passou de 7% para mais de 19,5%. Nesse ritmo, dentro de 20 anos a África terá mais católicos que a Europa inteira.

A curva das vocações sacerdotais confirma essas evoluções. Em 1978, a Europa concentrava 60% dos padres do mundo. Hoje, ela perdeu dez pontos. E num movimento de gangorra, na África, ao contrário, o número de padres africanos (como o de padres da Ásia, aliás) quase dobrou.

Apesar dessa rarefação dos padres na Europa, o número de fiéis por padre não diminuiu muito neste continente, e por uma razão simples.

Como há cada vez menos praticantes, cada padre europeu conserva, aproximadamente, o mesmo número de fiéis. A densidade de padres em relação à população praticante continua maior na Europa do que alhures.

Na América, cada padre se ocupa de 4.615 fiéis. Na África, esta cifra sobe para 4.761. Mas na Europa, há um padre para cada 1.400 paroquianos.

Entretanto, a idade média dos padres está aumentando rapidamente na Europa. Na França, ela é 70 anos, contra 67 anos em 2001. Em 2015, o padre europeu médio deverá ter 73 anos. O mesmo grau de envelhecimento se verifica entre os bispos. Atualmente, a idade média de um bispo em âmbito mundial é 67 anos. Na Europa, 70 anos.

Numa observação geral sobre a prática, a Europa (especialmente Holanda, Irlanda e França) não é praticante. Em 1945, 37% dos franceses freqüentavam a missa uma vez por semana. Hoje, essa porcentagem caiu para 8%.

Duas cifras levantadas pelo relatório de 2005 do Conselho de Inteligência Nacional dos Estados Unidos impressionam: em 2025, 70% dos cristãos deverão estar no Hemisfério Sul, ante 62,5% hoje. Alem disso, a China (país comunista e pouco tolerante com as religiões em geral e a católica em particular) e a Nigéria, na África, poderão ter as duas maiores comunidades cristãs do mundo.

Vaticano aponta diminuição no número de padres

O número de padres em todo o mundo caiu 3,5% em 26 anos, afirmou o Vaticano, destacando que o resultado foi influenciado por uma forte queda na Europa apesar do aumento verificado na África.

Nas últimas estatísticas mundiais da Igreja católica, o Vaticano examinou as mudanças ocorridas entre 1978 e 2004. O número global de padres, que chegava a 420.971 em 1978, caiu para 405.891 dois anos atrás. O Vaticano considerou como “um tanto decepcionante” a situação.

Na Europa, o número de padres apresentou declínio de 20% no mesmo período, de 250.498 para 199.978. Na Austrália, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico, a redução foi de quase 14%. Na África, por outro lado, o número de padres saltou de 16.926 para 31.259, uma elevação de 84,6%, segundo os números do Vaticano. Na Ásia, o aumento foi de 74%, de 27.700 para 48.222. As Américas Latina e do Norte, juntas, apresentaram um pequeno ganho, com o número de padres subindo 1%, de 120.271 para 121.634.

Dados referentes ao número de batizados na Igreja católica, também divulgados pelo Vaticano, parecem confirmar a crescente importância da África para a Igreja, principalmente se comparada à Europa. No continente africano, o número de católicos batizados quase triplicou, saltando de 54,7 milhões para 149 milhões. Como conseqüência, a porcentagem de católicos batizados cresceu para quase 17% da população africana em 2004, de 12,4% em 1978. Na Europa, o total de católicos batizados aumentou em quase 12 milhões de pessoas, para 278 milhões, representando 39,5% da população européia, em relação aos 40,5% de 1978.

No mundo, a comunidade católica chegou a 1,1 bilhão de pessoas em 2004, representando 17,1% da população mundial. Em 1978, os católicos somavam 757 milhões, mas representavam quase 18% da população.

Fonte: Gazeta do Povo e Último Segundo

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