O Vaticano solicitou ao governo italiano a alterar uma proposta de lei que criminaliza a homofobia, alegando preocupações de que o texto infringiria “a liberdade de pensamento” da Igreja Católica.
O projeto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados no ano passado, mas agora enfrenta obstrução de partidos conservadores no Senado.
Em uma carta, o arcebispo britânico Paul Richard Gallagher, secretário de relações do Vaticano com outros países, afirma que partes da legislação violam um tratado feito entre a Itália e a Igreja Católica na década de 1920 que garantiu as liberdades e direitos da Igreja, segundo o jornal Corriere della Sera.
Um porta-voz do Vaticano confirmou que “uma correspondência diplomática do secretário de Estado foi entregue informalmente à embaixada da Itália na Santa Sé em 17 de junho”.
A carta do Vaticano argumenta que a lei anti-homofobia questiona a “liberdade de organização” da Igreja e ameaça a “liberdade de pensamento” entre os católicos, levantando também preocupações de que escolas particulares seriam forçadas a organizar eventos como parte da criação de um dia nacional contra a homofobia.
“É a primeira vez que a Igreja faz algo assim”, diz Robert Mickens, editor da edição em inglês do jornal católico La Croix, em Roma. “Eles estão preocupados em serem multados por discurso de ódio”.
O projeto de lei foi elaborado por Alessandro Zan, um político LGBT do Partido Democrata, de centro-esquerda, e foi aprovado em uma votação na Câmara dos Deputados.