No Colégio Miraflores, que vai se hospedar o papa Bento 16, dois guardas trabalhavam arrancando dos muros cartazes que mostravam o papa dando hóstia a Adolf Hitler.
Desde ontem já não havia alunos nem funcionários no Colégio Miraflores, onde vai se hospedar a partir de hoje o papa Bento 16 na cidade de León, centro do México.
Pela manhã, apenas dois guardas da escola trabalhavam do lado de fora, arrancando dos muros cartazes que mostravam o papa dando hóstia a Adolf Hitler (1889-1945) -alusão à participação obrigatória de Joseph Ratzinger na “Juventude Hitleriana”, quando era adolescente.
Em sua primeira viagem ao México, país com maior população católica do mundo, o papa vai enfrentar um povo que amava a seu antecessor, João Paulo 2º.
E, apesar de ter escolhido o Estado de Guanajuato para recebê-lo -onde mais de 94% professam o catolicismo-, sua visita não está tendo a acolhida esperada.
“João Paulo era muito carismático, isso me animava a segui-lo. Ele respirava e emanava bondade”, diz a dona de casa Cecilia Ochoa, 47, para quem Ratzinger é um homem “mais duro e ortodoxo”.
Talvez o pouco carisma de Bento explique a taxa de ocupação hoteleira de 75% até ontem, véspera de sua chegada, segundo a Associação Mexicana de Hotéis e Motéis de León, cidade com 1,5 milhão de habitantes.
A prefeitura disponibilizou áreas de acampamento no parque da cidade, com espaço para 560 mil pessoas -mas, até ontem à tarde, havia apenas 3.000 inscritos.
Segundo Ricardo Shefield, prefeito da cidade, foram investidos US$ 550 mil para a visita e US$ 150 mil em horas extras para pessoal de limpeza, polícia, trânsito e proteção civil -13 mil agentes farão a segurança do papa.
O evento mais esperado é a missa do domingo. Os ingressos foram distribuídos nas igrejas e “eram poucos”, afirma a aposentada Maria Luisa Villa Lobos, 65, que se beneficiou por ser vizinha de uma paróquia. “Estou feliz porque meu ingresso dá direito a assento”, diz.
Há aqueles que querem aproveitar para lucrar também, como as irmãs Michele, 44, e Maria de León, 45, que criaram biscoitos com a foto do papa para o evento. “Não é por fé, é um negócio que pode dar certo e esta é uma grande oportunidade para testar.”
[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]