Pesquisa realizada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP/USP) afirma que envolvimento com a fé ajuda as viúvas no processo de luto.

“Meu filho fala que eu mudei, que hoje pareço 10 anos mais nova. É porque eu tenho Deus no coração e penso: que bom poder ajudar as pessoas, como um dia eu fui ajudada”. A declaração da aposentada Devanilda Rapouso de Lima, de 73 anos, resume como sua vida mudou, quando se tornou ainda mais religiosa, depois da morte do marido.

O casamento durou quase 50 anos e a cumplicidade entre o casal era muito forte. Por isso, quando ficou viúva, Devanilda entrou em depressão, tinha perda de memória e emagreceu 17 quilos. Uma amiga indicou uma igreja, localizada no mesmo bairro onde mora. “Foi a mesma coisa que acender uma luz na escuridão. Comecei a participar, fui melhorando aos poucos e hoje sou outra pessoa. Eu passei a me dedicar e sempre faço o que posso na igreja”, afirma.

Assim como Devanilda, muitas pessoas encontram na fé, condições para superar problemas pessoais, como a perda de entes queridos. Pesquisas recentes comprovam que a espiritualidade é um fator benéfico para a saúde, principalmente a psicológica. “A fé oferece amparo para questões que a área da saúde não dá importância. Com relação à perda dos maridos, por exemplo, a religião pode dar explicações sobre o sentido da vida”, afirma o enfermeiro Adriano Luiz Farinasso.

Em uma pesquisa realizada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP/USP), Farinasso comprovou que o contato das viúvas com uma crença contribui no processo de luto.

Foi assim com dona de casa Elizabeth Nascimento Rosa, de 57 anos. Quem a conhece hoje, não acredita como foi difícil superar a perda do marido, em novembro de 2010, depois de 28 anos de casada. “Eu conversei com a minha mãe sobre ir para um convento que aceitasse viúvas. Pensava que eu não ia conseguir viver sozinha”, conta Elizabeth.

Quatro meses depois, a mãe faleceu e Elizabeth acabou internada porque também contraiu dengue. Como já conhecia uma igreja no bairro onde mora, passou a frequentar o local diariamente. “Na igreja encontrei força para superar as dificuldades. As pessoas comentam sobre a mudança na minha vida. Já encaminhei três pessoas para a igreja e eu quero ajudar muitas outras”, conta.

De acordo com Farinasso, as estatísticas comprovam que as mulheres têm uma expectativa de vida maior que a dos homens. Além disso, segundo ele, é mais comum que os viúvos se casem novamente, o que geralmente não acontece com as mulheres. “E vale destacar que minha pesquisa se relacionou com a subjetividade das pessoas”, diz o enfermeiro, destacando que o estudo faz menção ao aspecto qualitativo e não quantitativo do grupo – foram analisados seis casos de Araponga/PR.

De acordo com o pesquisador, o convívio com os integrantes das comunidades religiosas já traz efeitos positivos a essas mulheres, porque permite um espaço de socialização e de novas experiências. “Nenhum elemento negativo ligado à religião foi observado. Acredito que os resultados abrem caminho para novas pesquisas sobre a relação entre a fé e a ciência”, conclui.

[b]Fonte: EPTV[/b]

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