Criado em 2002 por Craig Gross, pastor norte-americano revoltado ao ver que a indústria pornô fatura anualmente US$ 60 bilhões ao redor do planeta (segundo a revista Forbes), o site se autodenomina como o primeiro site cristão pornô.
Em abril deste ano, a CPI da Pedofilia aprovou a quebra de sigilo de 3.261 álbuns privados do Orkut, sob a suspeita de esconderem pornografia, envolvendo inclusive crianças. As páginas foram denunciadas pela ONG SaferNet Brasil em novembro de 2007.
Mas, já preocupado com essa realidade há algum tempo, Craig Gross (foto abaixo), um pastor evangélico norte-americano, revoltou-se ao ver que a indústria pornô fatura anualmente US$ 60 bilhões ao redor do planeta (segundo a revista Forbes) e decidiu que era hora de ajudar as crianças, os adolescentes e os adultos enrolados em conteúdo impróprio e dizer que há alguém lá em cima que se preocupa com eles. Para isso, ele criou em 2002 o XXXChurch.com, autodenominado o primeiro site cristão pornô.
A igreja virtual pornô não é formada por carolas e reverendos assanhados prontos para uma boa sacanagem dominical. O objetivo é gerar reflexão, reação e fazer com que pessoas compreendam seu real grau de envolvimento com a devassidão. “Acho que a pornografia machuca, degrada a mulher, atrapalha os relacionamentos e, freqüentemente, substitui a vida sexual de alguém”, explica Gross. “A média de idade das pessoas que têm contato com pornografia online é de 11 anos”, lamenta. Diariamente, cerca de 40 milhões de internautas acessam esse tipo de conteúdo. Só em março deste ano, 175 mil usuários passaram pelo XXXChurch. “Muitos”, destaca o pastor, “direcionados por buscas pelas expressões ‘porn’ e ‘xxx’ em ferramentas de pesquisa”.
Craig Gross, 32, metido em um terno escuro e descolado e com pinta de membro de banda da nova cena roqueira de Nova York (passaria fácil por um integrante do Interpol), mostra desprezar abordagens moralistas e faz questão de mostrar que a idéia não é apontar o dedo para ninguém ou lutar pelo fim da indústria pornográfica. Tanto que é amigo de Ron Jeremy, o “Rei do Pornô”, título ganho por sua atuação em mais de 1.800 filmes e por ter dirigido outros 100. Essa amizade surgiu ao longo dos 25 debates realizados entre eles, organizados pelo “pastor pornô”. O “Porn Debate” vai a universidades e igrejas dos Estados Unidos, já passou pela Nova Zelândia e tem datas agendadas para a Austrália. “Não quero a vida dele, mas sinto que podemos ser amigos, trabalhos à parte. É o que espero que todos vejam – e coloquem essa questão em uma nova visão de cristianismo. O debate não seria possível se não fôssemos amigos”, diz o pastor.
A XXX Church, situada em Grand Rapids (Michigan), também criou outros mecanismos para adentrar sutilmente o universo pornográfico. O apelo cool está no site e espalhado pelos itens produzidos pela igreja digital. A frase “Jesus Loves Pornstars”, acompanhada pela figura estilizada de um belo cafajeste de bigode denso e um par de óculos ray- ban, estampa uma linha de camisetas e a capa de uma edição do Novo Testamento bíblico. O material é levado pelas oito pessoas que formam a equipe aos encontros e a eventos da indústria pornográfica, para alertar atores, atrizes e fãs do gênero sobre possíveis perigos escondidos em meio a gemidos e sussurros – Gross contabiliza sete pessoas, entre produtores, atores e atrizes, que largaram “a vida” após o contato com a “Triple X”.
Podcasts e redes sociais – eles estão no MySpace com 32 mil amigos – também fazem parte da campanha que desanca a pornografia, mas tenta entender o pornógrafo.
Em são paulo, uma turma decidiu que era hora de fazer o mesmo. Jovens da Igreja Evangélica Projeto 242 (o número vem da passagem bíblica do livro de Atos, capítulo 2, versículo 42) criaram, no ano passado, a Sexxxchurch.com. São 600 mil acessos únicos por mês, com média de 200 e-mails recebidos todos os dias.
Jota Mossad, idealizador do site, já tentou estabelecer contato, por enquanto sem sucesso, com a produção da série pornô Brasileirinhas. “Adoraria ir lá só pra conversar, sem pregar.” O objetivo do contato era tentar organizar um “Porn Debate” nacional. “Não queremos julgar ninguém nem apontar defeitos, apenas andar ao lado dessas pessoas”, esclarece Mossad.
No último dia 12 de abril, o Projeto 242 realizou uma ação de guerrilha na Praça da Sé, no centro da capital paulista, contra a exploração sexual infantil.
Fonte: Revista Rolling Stones