Torre Eiffel em Paris, capital da França (Foto: Canva Pro)
Torre Eiffel em Paris, capital da França (Foto: Canva Pro)

A maioria dos jovens na França nunca ou quase nunca participa de um serviço religioso, enquanto apenas 8% vai para a igreja mais de uma vez por semana.

Os sociólogos da Universidade de Bordeaux e do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), Charles Mercier e Philippe Portier, encomendaram ao instituto Kantar Public a realização de uma pesquisa sobre “a relação dos jovens franceses com o secularismo num mundo globalizado”.

1.000 jovens entre 18 e 30 anos foram pesquisados ​​on-line em junho de 2023. O objetivo era “medir e avaliar até que ponto estar em um ambiente globalizado tem impacto no seu posicionamento em relação ao secularismo francês”.

Posicionamento e interesse pela religião

A pesquisa analisa o posicionamento e interesse pela religião desses jovens, mostrando que 52% dizem não pertencer a nenhuma religião, 38% apontam que se identificam com alguma religião (18% ao Catolicismo Romano, 2% aos Protestantes, 2% aos Ortodoxos e 12% ao Islã), 10% não sabem ou não quiseram responder a essa pergunta.

Como resultado, a maioria dos jovens franceses nunca ou quase nunca frequenta um serviço religioso, enquanto apenas 8% vai à igreja mais de uma vez por semana.

Apesar disso, o estudo revela que 43% dos jovens franceses afirmam acreditar em Deus. “Isso representa 4 a 5 pontos acima de toda a população, o que é significativo para esse tipo de questão”, disse Portier.

No entanto, 63% dos jovens franceses acreditam que a religião tem pouca ou nenhuma importância nas suas vidas pessoais, apenas 31% a consideram importante, sobretudo muçulmanos.

O que é secularismo?

Embora a maioria dos jovens (89%) afirme compreender o conceito de secularismo, eles têm concepções diferentes sobre o mesmo.

Para 29% deles, trata-se acima de tudo de colocar todas as religiões em pé de igualdade; para 27%, garante liberdade de consciência aos cidadãos; segundo 22%, consiste em separar as religiões da esfera política e do Estado e 15% acreditam que o seu papel é reduzir a influência das religiões na sociedade.

As pesquisas também sublinham que 60% dos jovens acreditam que o secularismo é usado por políticos e jornalistas para denegrir os muçulmanos.

Além disso, de acordo com a pesquisa, uma grande maioria dos jovens franceses (68%) acredita que “o secularismo deveria evoluir na França”, mas não há consenso sobre como fazê-lo: 24% deles dizem que a evolução deveria ser no sentido mais tolerância em relação às expressões religiosas e 29% são a favor de maior firmeza; enquanto 26% apelam a uma melhor colaboração entre as instituições públicas e o Estado e 28% apelam a uma maior separação.

Símbolos religiosos em público

Os jovens parecem ser mais inclusivos do que os mais velhos no que diz respeito aos símbolos religiosos em público, relata o inquérito.

Para 45% delas é aceitável usar símbolos religiosos visíveis, como véu ou cruzes, em empresas, e 24% se opuseram. Nas escolas públicas de ensino médio, 43% dos jovens de 18 a 30 anos são a favor, enquanto 31% expressam sua discordância.

Portier destacou que “há apenas 20% da população que tem a mesma tolerância que os jovens nesta área”.

“Experiências no cotidiano, como estar perto de jovens que não comem carne de porco ou que usam véu, modificam padrões doutrinários que poderiam ser adquiridos anteriormente. Para os jovens, estes símbolos religiosos não constituem uma espécie de pré-radicalização e uma ameaça potencial como uma grande parte da sociedade pode perceber”, acrescentou.

Além disso, os jovens consideram “necessário que se expressem como querem. Todos devem poder fazer o que quiserem, desde que respeitem a liberdade dos outros. Usar lenço na cabeça ou escolher o cardápio no restaurante da escola não implica necessariamente uma crise de vínculos sociais”, explicou o sociólogo.

Leia a pesquisa completa aqui (em francês).

Folha Gospel com informações de Evangelical Focus

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