Numa altura em que as chefias militares norte-americanas alertam para o risco de uma guerra civil no Iraque entre muçulmanos xiitas e sunitas, o Bispo Auxiliar de Bagdá, D. Andreas Abouna, “toca a rebate” pelo futuro incerto dos cristãos iraquianos, afirmando que o cristianismo está perante o abismo no Iraque.

Segundo o prelado, o clima constante de violência está a levar o seu rebanho a abandonar o país, estimando que metade dos cristãos iraquianos (mais de 600 mil fiéis) tenha emigrado. Em Bagdá, 75% dos cristãos fugiu para o norte do Iraque ou para países vizinhos como a Turquia, a Síria ou a Jordânia.

D. Abouna tem lutado nos últimos anos para que a nova Constituição iraquiana consagre a liberdade religiosa, em entrevista recente à Ajuda à Igreja que Sofre. Para o Bispo Auxiliar de Bagdá, o processo que levou à menção da liberdade religiosa na Constituição iraquiana é “uma teoria” que contrasta com a presente realidade do país, mergulhado no caos e na anarquia.

“O que escutamos agora são os sinos a rebate pela cristandade no Iraque. Quando tantos cristãos saem do país, sabemos que isso é perigoso para o futuro da Igreja no Iraque”, afirmou D. Andreas Abouna.

Sublinhando que os cristãos são tão atingidos como outras comunidades religiosas, o prelado explicou, no entanto, que se sentem mais isolados e vulneráveis à medida que o seu número diminui. Os sacerdotes e as religiosas em Bagdá têm de tomar precauções de segurança quando se deslocam na capital para visitar as famílias cristãs e levá-las às igrejas.

A alta taxa de desemprego, a falta de alimentos e outros bens essenciais têm conduzido à emigração. Na opinião de prelado, o sentimento de desespero agravou-se com o fracasso do processo político, apesar de no ano passado ter sido eleito um novo Governo e de ter sido aprovada uma nova Constituição.

As altas chefias militares americanas no Médio Oriente admitiram ontem que o Iraque poderá estar à beira de uma guerra civil, caso continue a violência entre os grupos xiitas e sunitas. Também o embaixador cessante do Reino Unido em Bagdá prevê a divisão étnica do país.

Fonte: Agencia Ecclesia

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