Afeganistão continua na 2ª colocação na Lista Mundial da Perseguição (LPM) 2020. No período de análise da LMP deste ano (1 de novembro de 2018 a 31 de outubro de 2019), cristãos no país suportaram os mesmos níveis extremos de pressão da Coreia do Norte.

Em termos de pontuação, Afeganistão e Coreia do Norte têm uma pequena diferença no nível de violência. Isso é reflexo do aumento na insurgência – não apenas com a união do Estado Islâmico ao Talibã, sendo um atuante islâmico violento, mas também pelo aumento na quantidade de território do país sob seu controle.

Uma segunda razão para a alta pontuação é que a preparação para as eleições, em setembro de 2019, deu razão para numerosos ataques. Há cinco anos, ainda havia números significativos de cristãos expatriados no país, o que manteve a pontuação para todas as esferas da vida um pouco mais baixa, mesmo que já fosse difícil para expatriados viverem abertamente como cristãos.

A maioria deles partiu, o que causou um aumento na média de pressão – especialmente nas esferas da comunidade, nação e igreja. Nos últimos quatro períodos de análise, o nível de violência contra cristãos está estável, porém em um nível muito alto.

O Talibã e o grupo do Estado Islâmico têm uma influência crescente, mostrada pelos altos números de ataques e batalhas com forças do governo se esforçando pela supremacia em várias províncias. A nova liderança do Talibã, que está ainda mais inclinada para visão islâmica radical, tem reforçado sua campanha pelo controle de áreas. Também, a extrema violência usada por grupos relacionados ao Estado Islâmico se traduziu em um número ainda maior de pessoas sendo mortas em ataques ou desalojadas.

De acordo com números da Organização das Nações Unidas (ONU), 5.122 civis foram vítimas nos primeiros seis meses de 2018, desses, 1.692 foram mortos e 3.430 feridos. Além disso, o Paquistão e diversos países da Europa ameaçam mandar de volta refugiados afegãos.

A maior parte da população deseja por paz e está cansada da violência vinda de grupos insurgentes, como o Talibã e o Estado Islâmico. As pessoas não confiam neles, mesmo se as negociações fossem levadas com seriedade.

As conversas com o Talibã passam uma mensagem confusa para os afegãos comuns: por um lado, elas podem ser a melhor e até mesmo a única chance de trazer a paz. Por outro, parece muito estranho que o governo eleito não faça parte das negociações. Tais demandas feitas pelo Talibã não contribuem em nada para o futuro do Afeganistão, ainda mais na garantia de espaço para as minorias existirem.

O Afeganistão é pela Constituição um Estado islâmico e todas as outras religiões são vistas como estrangeiras ao país, consequentemente partidos políticos e oficiais são hostis mediante a todos os sinais de cristianismo. O país não permite que qualquer afegão se torne cristão ou reconheça um convertido como tal.

Conversões são vistas como apostasia e trazem vergonha para a família e comunidade islâmica. Por isso, convertidos escondem sua recém-adquirida fé o máximo possível. Cristãos com nacionalidade afegã são todos ex-muçulmanos. Se eles são descobertos, enfrentam discriminação e hostilidade (incluindo morte) pelas mãos das famílias, amigos e comunidade.

A pequena comunidade cristã compartilha todas as dificuldades que a população geral enfrenta, mas é mais vulnerável por ser parte da “religião do inimigo”. A opressão islâmica, sem dúvida, permanece o principal tipo de perseguição aos cristãos no Afeganistão, conduzida por militantes nacionais ou estrangeiros, junto com a família, comunidade e vários níveis do governo.

Ainda quanto à perseguição, o Afeganistão continua sendo uma sociedade tribal. Por isso, qualquer um que não se submeta às tradições da tribo se exclui da identidade local, como no caso de uma nova religião.

Além disso, enquanto o cultivo e comércio de ópio for uma parte significativa do orçamento de grupos insurgentes e também encher os cofres de poderosos e políticos, o crime organizado florescerá e qualquer um que parecer estar no caminho, incluindo cristãos, enfrentará oposição violenta.

Fonte: Portas Abertas

Comentários