TikTok (foto: reprodução)
Tik Tok (foto: reprodução)

Uma menina de 12 anos, chamada Milagros Soto, morreu ao tentar fazer o “desafio do apagão” que viralizou na rede social e que, para espanto de muitos, consiste em se enforcar usando um cinto ou cadarço até perder a consciência.

O caso aconteceu na sexta-feira (13), na cidade de Capitán Bermúdez, província de Santa Fé, na Argentina. Mas essa não foi a primeira vez que o desafio gerou mortes: a mesma situação ocorreu em 2021 na Itália e no Chile.

A morte está sendo investigada pelo Ministério Público de Acusação argentino, que explicou a trend para o jornal La Nación. O desafio mortal requer que o usuário transmita a ação ao vivo na plataforma, se a pessoa conseguir, ela “avança no jogo”.

“Nesse caso, não deu certo e a menor morreu na tentativa”, disse um porta-voz.

Uma tia da adolescente compartilhou a tristeza da família no Facebook e pediu que internautas se conscientizassem sobre os perigos da internet.

Outros desafios mortais

O mesmo desafio aconteceu na cidade de Palermo, na Itália, no começo de 2021. Na época, uma menina de dez anos morreu tentando fazer a trend. Promotores aumentaram a fiscalização sobre o uso de plataformas de mídia social por crianças e chegaram a bloquear todas as contas italianas na ocasião.

Naquele mesmo ano, um menino de 12 anos morreu no Chile após cumprir o desafio mortal. Ele foi encontrado sem vida em seu quarto.

No ano passado, duas meninas morreram nos EUA, uma de 8 e outra de 9 anos, tentando fazer o Blackout Challenge (Desafio do Apagão, em tradução literal), que estimula o participante a perder a consciência.

Desafio mortal antigo

Apesar de ter voltado à moda em 2021, o desafio mortal começou a circular nas redes sociais em 2008, ano em que 82 jovens morreram apenas nos EUA tentando cumprir o desafio, segundo um levantamento feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Os registros antigos do jogo na internet foram usados como argumento pelo TikTok, que diz que não tem responsabilidade pelo viral.

Ainda assim, famílias de jovens norte-americanos que morreram tentando fazer o desafio vem processando a plataforma de vídeos, em uma ação cabível, segundo um Centro Jurídico de Vítimas Virtuais, sediado nos EUA.

Os advogados afirmaram ao Los Angeles Times que o TikTok sabia da viralização do jogo e que os responsáveis pela rede “deveriam ter notado que demorar para tomar medidas significativas e rápidas para extinguir sua divulgação resultaria em mais ferimentos e mortes, especialmente entre crianças.”

Em resposta, após a divulgação dos resultados catastróficos da trend, o TikTok bloqueou a hashtag BlackoutChallenge em sua ferramenta de busca.

“Sentimos muito pela trágica perda desta família. A segurança da nossa comunidade é prioridade e levamos muito a sério qualquer ocorrência sobre um desafio perigoso. Conteúdos dessa natureza são proibidos em nossa plataforma e serão removidos caso sejam encontrados.”, disse porta-voz do TikTok, em nota ao UOL.

19 mortes foram registradas em “nova onda” do desafio

Em novembro de 2022, um novo relatório, feito pela Bloomberg Businessweek, conectou cinco mortes de adolescentes entre 13 e 14 anos e 15 mortes de crianças com 12 anos ou menos ao desafio.

“O que acontece no cérebro é uma privação de oxigênio semelhante a de alguém que está se afogando, engasgando ou tendo uma parada cardíaca”, explicou o médico Nick Flynn ao jornal Irish Examiner. “Se você tem uma baixa de oxigênio no cérebro por mais de três minutos, você pode ter danos cerebrais. Acima de cinco minutos, essa privação leva a morte.”

Na “nova onda” do desafio, aqueles que escapam do estrangulamento postam seus vídeos interrompendo a respiração com cintos, cordas ou objetos similares. Ainda segundo as autoridades norte-americanas, que monitoram o desafio desde o início, o tom secreto do desafio, feito sem outras pessoas por perto, dificulta a chegada de socorro para aqueles que não conseguem recuperar a respiração.

As autoridades de saúde deram um alerta aos pais de jovens sobre os sinais de que seus filhos possam estar participando do jogo:

  • Uso dos termos “Desafio do Desmaio” ou “Space Monkey”, vistos nas redes sociais como sinônimos para a trend.
  • Linhas vermelhas nos olhos.
  • Marcas no pescoço.
  • Fortes dores de cabeça.
  • Desorientação sem motivo aparente.
  • Presença de cordas, coleiras ou objetos semelhantes no quarto.

Argentina foi encontrada no quarto

  • Milagros Soto foi encontrada na sexta (13) pendurada em um laço improvisado em seu quarto.
  • Segundo as investigações de Santa Fé, na Argentina, ela tentou cumprir o “Desafio do Apagão”
  • Família divulgou história para conscientizar internautas.
  • Milagros não foi a primeira vítima fatal do “desafio do apagão”. Em 2021, dois adolescentes morreram por causa do viral.

Caso semelhante mudou regras do TikTok na Itália

  • Em 2021, uma menina de 10 anos foi asfixiada em Palermo ao tentar o mesmo desafio.
  • Ela foi achada morta no banheiro por seu irmão, que tinha 5 anos na ocasião.
  • A morte levou o governo italiano a bloquear imediatamente contas de usuários do TikTok com menos de 13 anos.
  • Em novembro do mesmo ano, um menino de 12 anos morreu no Chile da mesma forma.

O que diz o TikTok

Sobre o “Desafio do apagão”, o TikTok alega nunca ter encontrado evidência desse tipo de tendência de conteúdo na plataforma e diz que a ação é anterior ao próprio aplicativo. A empresa destaca ainda que tem uma classificação para maiores de 13 anos na lojas de aplicativos, o que permite que os pais controlem o acesso dos filhos.

“Temos guias parentais para ajudar os pais a conhecer as ferramentas que temos atualmente, como o emparelhamento familiar e dicas para um uso responsável da plataforma”, aponta em nota oficial ao UOL.

Confira o que diz a empresa sobre desafios perigosos

  • A segurança e o bem-estar de nossa comunidade são nossa prioridade e não permitimos conteúdo que incentive ou promova o suicídio ou automutilação.
  • Também removemos avisos alarmistas sobre boatos de suicídio ou automutilação que poderiam causar danos ao tratá-los como reais. Continuaremos a permitir conversas que visam dissipar o pânico e promover informações precisas.
  • Usamos uma combinação de tecnologias e equipes de moderação para identificar, revisar e, quando apropriado, remover conteúdo ou contas que violem nossas Diretrizes da Comunidade.
  • À medida que tomamos conhecimento de hashtags que têm o potencial de promover desafios perigosos, tomamos medidas proativas para rotulá-las ou bloqueá-las.
  • No terceiro trimestre deste ano, dos vídeos removidos devido à violação desta política, 96,7% deles foram removidos por nós de forma proativa sem terem sido denunciados, 91,6% antes de terem qualquer visualização e 91,1% em até 24 horas após a postagem.

Fonte: UOL, TERRA e Último Segundo

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