A personagem Momo é adicionada por crianças e adolescentes a grupos de Whatsapp e propõe diversos desafios, que se encerram com o suicídio dos desafiados. (Foto: BBC)
A personagem Momo é adicionada por crianças e adolescentes a grupos de Whatsapp e propõe diversos desafios, que se encerram com o suicídio dos desafiados. (Foto: BBC)

A presença da assustadora boneca Momo em vídeos de slime no Youtube Kids acendeu um alerta nos pais e responsáveis. Os vídeos da parte restrita do Youtube deveriam ser livres de ameaças às crianças, mas alguns conseguem burlar as barreiras aplicadas pela empresa.

O que mais parece ser um vídeo inocente de uma criança brincando com um slime, de repente se torna um verdadeiro filme de terror. Tudo se deve pelo fato que as imagens são trocadas pela assustadora personagem Momo que ensinam literalmente como essas crianças devem cortar seus pulsos.

Esse vídeo assustador, que burla todos os esquemas de segurança do YouTube Kids chegou até a professora e produtora de conteúdo Juliana Tedeschi Hodar, que tem 41 anos e mora na cidade de Campinas.

O vídeo da momo chegou no grupo de um aplicativo de mensagens da família. Então ela e seu marido, Juan Hodar, de 45 anos de idade, decidiram conversar com sua filha Bianca de 8 anos de idade sobre o que são mostrados nesses vídeos.

Quando estavam dialogando com a filha tiveram uma assustadora surpresa. A menina disse que já viu esse vídeo umas três vezes e estava com muito medo do que viu. “Assim que começamos a falar ela teve uma crise de choro e não conseguia falar. Ela contou que já tinha acontecido de ver a momo”, relata Juliana.

Para que sua filha se acalmasse a mãe teve que dormir junto com ela e explicar que esse vídeo é tudo mentira e que a Momo não não existe de verdade.

A socialite Kim Kardashian, que tem três filhos, também divulgou um alerta aos responsáveis sobre o conteúdo nocivo presente no Youtube Kids. Após ela se manifestar pelo Instagram, a rede social emitiu um comunicado.

Leia o comunicado abaixo:

Muitos de vocês compartilharam suas preocupações conosco nos últimos dias sobre o Desafio Momo – prestamos muita atenção nisso. Depois de muita análise, não vimos nenhuma evidência recente de vídeos promovendo o Desafio Momo no YouTube. Vídeos incentivando desafios prejudiciais e perigosos são claramente contra nossas políticas, incluindo o desafio Momo. Apesar dos relatos da imprensa sobre esse desafio, não tivemos links recentes sinalizados ou compartilhados conosco do YouTube que violem nossas Diretrizes da comunidade.

É importante notar que permitimos que os criadores discutam, denunciem ou instruam as pessoas sobre o desafio/personagem Momo no YouTube. Vimos capturas de tela de vídeos e / ou miniaturas com eles. Essa imagem não é permitida na aplicação YouTube Kids e disponibilizamos garantias para a excluir do conteúdo no YouTube Kids.

Momo em um vídeo com a Peppa Pig

No início do mês de março, ressurgiu o boato do Momo tendo como base supostos vídeos do YouTube com imagens que encorajam crianças a se matar ou cometer violências contra si mesmas.

Os rumores que reacenderam a polêmica afirmam que a personagem aparece em um vídeo com o desenho infantil Peppa Pig no YouTube Kids.

A história da Momo começou como a lenda urbana de um número no Japão (+81), que usava como foto de perfil a imagem assustadora da protagonista e enviava mensagens pelo WhatsApp de forma a incitar desafios de violência e até o suicídio.

O ressurgimento do desafio que preocupa pais e mães é mais uma prova de que o YouTube está em um momento complicado. Os anunciantes estão receosos de continuar suas campanhas publicitárias depois de ter sido descoberta uma rede de pedófilos na plataforma.

A empresa já toma medidas contra esses casos, como o recente anúncio de que a maioria das seções de comentários em vídeos para crianças será desativada.

Além disso, na tentativa de melhorar a qualidade do conteúdo da plataforma, o YouTube encerrou mais de 400 canais que publicavam mensagens violentas.

A empresa reiterou que deve continuar tomando essas providências quando os produtores de conteúdo violarem suas diretrizes e prejudicarem a comunidade como um todo.

Vídeos com dicas de suicídio para crianças

Em fevereiro, o portal Folha Gospel publicou uma matéria sobre desenhos animados no YouTube que estão sendo usados ​​para direcionar e expor as crianças a ideias e dicas suicidas.

A Dra. Free Hess, pediatra de Gainesville, publicou em seu blog um alerta sobre um desenho postado na plataforma de hospedagem de vídeo gerada pelo usuário, que tinha um clipe no meio com um homem adulto demonstrando para as crianças como cortar seus pulsos.

A porta-voz do YouTube, Andrea Faville, disse em um comunicado compartilhado com a ABC News que a organização trabalha duro para garantir que sua plataforma não seja usada “para incentivar comportamentos perigosos”.

“Temos políticas rígidas que proíbem vídeos que promovem a autoagressão”, diz a declaração. “Contamos com a tecnologia de sinalização do usuário e detecção inteligente para sinalizar esse conteúdo para nossos revisores.”

A cada trimestre, o YouTube remove milhões de vídeos e canais que “violam nossas políticas”, segundo o porta-voz.

Anúncios proibidos

Depois do ressurgimento do “Desafio Momo”, o YouTube decidiu que não vai mais exibir anúncios em vídeos sobre a personagem que supostamente incentiva crianças a se suicidarem ou cometerem autoagressões.

A decisão da empresa também vale para produções de agências respeitadas de notícias e de influentes criadores de conteúdo.

Vários veículos de imprensa norte-americanos, como a CBS, a ABC, a CNN e a Fox já publicaram vídeos sobre a perigosa farsa virtual. Antes de serem proibidos de veicular propagandas sobre a Momo nos conteúdos, alguns apareciam com aviso de alerta sobre conteúdo perturbador.

O YouTube confirmou ao The Verge que qualquer vídeo a respeito da Momo viola suas diretrizes de conteúdo e, portanto, não pode receber anúncios.

A empresa mantém políticas rígidas sobre onde a publicidade pode aparecer, de modo a proteger as marcas de se associarem a conteúdos danosos aos telespectadores ou mentirosos, como é o caso da personagem.

O YouTube comentou sobre a situação no Twitter: afirmou que não encontrou “evidências recentes de vídeos que promovam o Desafio Momo no YouTube” e reiterou que “os vídeos que incentivam desafios prejudiciais e perigosos são contra nossas políticas”.

A plataforma também recomendou que usuários denunciem esse tipo de conteúdo.

Fonte: Olhar Digital, Pleno News e 1 News

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