Cidadãos contrários à eutanásia pedem veto presidencial em Portugal. (Foto: Reprodução / Ephemera)
Cidadãos contrários à eutanásia pedem veto presidencial em Portugal. (Foto: Reprodução / Ephemera)

A Aliança Evangélica Portuguesa (AEP) divulgou nota de repúdio após a legalização da eutanásia para pessoas acima de 18 anos, decidida por maioria pelo Parlamento Português na tarde de sexta-feira (29).

“Num tempo em que tantos e tantos profissionais se dedicam de alma e coração a cuidar e a tratar, ultrapassando todos os limites físicos e emocionais, eis que uma maioria ‘tão frágil’ na Assembleia da República aprova uma lei que não nos coloca no caminho do progresso, mas, muito pelo contrário, no caminho de práticas que nos envergonham”, diz o comunicado.

Se o presidente da República promulgar a lei, Portugal torna-se o quarto país na Europa, e o sétimo no mundo, a despenalizar a eutanásia.

“Portugal foi pioneiro na eliminação da pena de morte. E agora? Queremos ser dos pioneiros a consentir na morte provocada aos mais frágeis e sem alternativas?”, questiona a AEP.

A entidade alega que nas eleições legislativas, poucos foram os partidos que se apresentaram a eleições com a proposta de legalização da eutanásia, por isso, muitos cristãos que votaram nesses partidos que agora viabilizaram e aprovaram a eutanásia no parlamento, sentem-se enganados.

A Aliança Evangélica Portuguesa afirma discordar da prática “tão pouco democrática e desprestigiante da nossa política”.

Opiniões contrárias ignoradas

A entidade evangélica diz ainda que no “decurso do trabalho desenvolvido na preparação do atual texto legal, muitos foram os organismos que apresentaram discordância com a aprovação desta lei, mas foram ignorados”.

Ela cita entidades como a Ordem dos Médicos, a Ordem dos Enfermeiros, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, a Fundação Portuguesa pela Vida, entre outras, “dos quais gostaríamos de destacar a declaração conjunta das principais religiões do Mundo com presença em Portugal, subscrita também pela Aliança Evangélica Portuguesa”.

De acordo com a AEP, houve esforços de todos os organismos citados, além da assinatura de 100.000 cidadãos solicitando um referendo sobre a matéria que foram rejeitados pelo Parlamento.

Paradoxo

“No mesmo dia em que o Parlamento decide renovar o Estado de emergência que obriga pessoas a fechar negócios, a usar meios de proteção, a deliberar a possibilidade de consentir a sua própria morte. Terrível paradoxo e incongruência que vivemos”, diz a entidade evangélica.

“Como Aliança, convidamos os cristãos a orarem para que o Senhor Presidente da República, sensível a esta matéria, tudo faça para que uma lei com tão reduzida aceitação em Portugal não seja colocada em prática, assim como para que o Tribunal Constitucional defenda o princípio da inviolabilidade da Vida Humana, ao invés de defender a frágil autonomia de uma pessoa em sofrimento, tão permeável ao aproveitamento de interesses externos”, apela a organização que representa todas as igrejas evangélicas em Portugal.

“A Aliança é muito sensível a todos os que se encontram em sofrimento qualquer que seja o seu estado atual. Acreditamos que tudo devemos fazer para prestar mais e melhores cuidados aos que sofrem e é para isso que serve o Sistema Nacional de Saúde”, afirmam.

A entidade cita o Mandamento “Não matarás” e o termo latino “primum non nocere” (primeiro, não prejudicar”), que faz parte dos princípios hipocráticos, “juramentos” da bioética médica.

“A Esperança, a Fé, o Amor e a Justiça devem constituir a matriz identitária do Cristão, valores que se consubstanciam na defesa e proteção da Vida”, finaliza o documento da AEP.

Fonte: Guia-me com informações de Aliança Evangélica Portuguesa

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