O Ministério Público Federal abriu um inquérito para investigar a cantora e pastora Ana Paula Valadão, por dizer que homossexualidade é pecado e relacionar a prática à Aids, durante o Congresso Diante do Trono realizado em 2016.
A informação da investigação do MPF foi publicada nesta terça-feira (1) pela coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo.
A fala de Ana Paula Valadão foi feita durante um congresso dentro da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, direcionada ao público cristão que estava presente. O vídeo, que estava publicado no YouTube, viralizou em setembro nas redes sociais.
“Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher. E é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, disse Ana Paula sobre a homossexualidade.
“A Bíblia chama qualquer escolha contrária ao que Deus determinou como ideal, como Ele nos criou para ser, de pecado. E o pecado tem uma consequência, que é a morte. Inclusive, tudo o que é distorcido traz consequência naturalmente”, continua a cantora.
“Nem é Deus trazendo uma praga ou um juízo não. Taí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres. Enfim, não é ideal de Deus. Sabe qual é o sexo segura, que não transmite doença nenhuma? O sexo seguro se chama aliança do casamento”, esclarece. “Deus é perfeito em tudo o que faz”.
O MPF alega no inquérito que “a situação, na forma em que foi narrada, caracteriza-se como ‘discurso de ódio’, restando ao estado o dever de proteger as vítimas e responsabilizar os infratores, de maneira que essa atuação é ainda mais necessária no atual cenário brasileiro, em que a homofobia se encontra tão presente e multiplicam-se casos de ódio e intolerância”.
Ana Paula Valadão ainda não se manifestou sobre a instauração do inquérito.
Liberdade religiosa em questão
Depois que o vídeo viralizou nas redes sociais, a vereadora eleita pelo PSOL em São Paulo, Erika Hilton, apresentou uma notícia crime à Justiça contra Ana Paula. A Aliança Nacional LGBTI+ também disse que iria processá-la, tendo como respaldo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2019 enquadrou a homofobia como crime de racismo.
Embora a decisão preveja a liberdade religiosa para manifestações em templos religiosos, o caso de Ana Paula, que direcionava sua mensagem ao público cristão, apontam para uma restrição na abordagem do tema.
A Igreja Batista da Lagoinha disse em nota que a marca da denominação “é ser bíblica e ter como maior referencial a pessoa de Jesus Cristo, que recebia todas as pessoas sem distinção”. Por conta disso, as portas da igreja “estão abertas para que todas as pessoas participem de nossos cultos de pregação das Sagradas Escrituras”.
Fonte: Guia-me com informações de EXTRA