Iranianos em culto de treinamento para ministrar jovens em seu país. (Foto: Elam Ministries)
Iranianos em culto de treinamento para ministrar jovens em seu país. (Foto: Elam Ministries)

Há alguns anos, missiologistas têm falado do crescimento explosivo da Igreja no Irã. Agora eles têm dados de pesquisas seculares para respaldar suas afirmações.

De acordo com uma nova pesquisa realizada com 50.000 iranianos (sendo 90% deles residentes no Irã) 1,5% se identificam como cristãos. O levantamento foi feito pelo GAMAAN, um grupo de pesquisa com sede na Holanda.

Ao observar a população de aproximadamente 50 milhões de adultos alfabetizados no Irã, é possível apontar pelo menos 750.000 seguidores de Cristo. De acordo com o GAMAAN, o número de cristãos no Irã é “sem dúvida na ordem de várias centenas de milhares e está crescendo além de um milhão”.

Os cristãos armênios e assírios tradicionais no Irã somam 117.700, de acordo com as últimas estatísticas do governo.

Especialistas cristãos entrevistados pelo site Christianity Today expressaram pouca surpresa, mas os dados podem fazer uma diferença significativa para a igreja iraniana.

“Com a falta de dados adequados, a maioria dos grupos de defesa internacional expressou um grau de dúvida sobre a extensão do fenômeno de conversão no Irã”, disse Mansour Borji, diretor de pesquisa do Article 18, uma organização com sede no Reino Unido dedicada à promoção da liberdade religiosa no Irã.

“É muito bom ver — pela primeira vez — uma organização secular adicionando seu peso a essas afirmações”.

A pesquisa foi conduzida por professores de respeitadas universidades holandesas das cidades de Tilburg e Utrecht.

Irã secularizado

De acordo com a pesquisa GAMAAN, o cristianismo cresce em uma sociedade cada vez mais secularizada no Irã. Apenas 32% dos entrevistados se identificaram como muçulmanos xiitas, embora, oficialmente, o Irã estime seu número em 95%.

“A verdadeira notícia não é o número de cristãos. É a secularização massiva da sociedade iraniana como um todo”, disse Johannes de Jong, diretor do think tank Sallux, afiliado ao Movimento Político Cristão Europeu.

“O Islã no Irã é um sistema político, não uma fé adotada pela maioria”, disse de Jong, que trabalhou com iranianos em processo de asilo nos últimos 20 anos. “Um Irã livre veria uma implosão do Islã e um aumento muito significativo do cristianismo, zoroastrismo e ateísmo”.

A pesquisa já confirma isso. Os ateus são 9% da população, enquanto 22% não são vinculados a nenhuma religião. Os seguidores do zoroastrismo, religião fundada na antiga Pérsia, são 7% — embora isso possa indicar um nacionalismo persa, em vez de um verdadeiro sistema de crença.

Quase metade (47%) das pessoas que costumavam ser religiosas, já não são mais. Seis em cada 10 iranianos nasceram em uma família religiosa, mas 6 em cada 10 já não fazem suas orações diárias.

Outros 68% dos pesquisados não querem a legislação do Irã baseada na religião; 71% não concordam que as instituições religiosas sejam financiadas pelo Estado (71%) e 73% não apoia a cobertura obrigatória da cabeça. A maioria (58%) não acredita no uso da hijab.

Desafios da igreja iraniana

Embora isso possa parecer um campo fértil para a pregação do Evangelho, David Yeghnazar, da Elam Ministries, alerta contra os “pés de barro” do secularismo. Por exemplo, quase 4 em cada 10 iranianos (37%) bebem álcool — o que é proibido no Islã.

“Os iranianos são atraídos pelo cristianismo porque pensam que é parte integrante do Ocidente livre, secular e democrático”, disse ele. “É importante que as agências cristãs tirem o cristianismo desse molde”.

Yeghnazar também foi cauteloso ao endossar as estatísticas da pesquisa como uma estimativa verdadeira do corpo de Cristo. Ele acredita que em uma pesquisa secular, “cristão” pode implicar em qualquer coisa, desde uma “atração vaga” a um “amor genuíno por Cristo e um conhecimento crescente das Escrituras”.

Mansour Borji concorda, alertando para um risco de que o crescimento da igreja esteja ultrapassando o discipulado. “Mas o problema é exasperado pelo fato de que muitos líderes estão agora na prisão ou foram forçados a deixar o país”, disse.

Mike Ansari, presidente da Heart4Iran, acredita que o evangelismo pessoal é o método mais eficaz para espalhar o Evangelho e esta é a razão por trás do crescimento do cristianismo no Irã. Mas, por ser “extremamente arriscado”, a TV por satélite tornou-se o principal instrumento.

A TV Mohabat, dirigida por Ansari, percebeu um aumento nas conversões durante a pandemia de Covid-19. Em março de 2019, o canal havia sido informado de 324 conversões por meio de seu ministério. Um ano depois, o aumento foi dez vezes maior, com 3.088 novos crentes.

Se o crescimento exponencial das igrejas domésticas não acompanhar as conversões, a TV via satélite busca preencher essa lacuna. Mas isso é o suficiente?

“Sem uma comunhão e discipulado face a face, o futuro da Igreja iraniana permanece incerto”, lamenta Ansari. “O isolamento é o maior inimigo do crescimento da igreja”.

Fonte: Guia-me com informações de Christianity Today

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