Presidente Jair Bolsonaro e Carlos Alberto Decotelli, novo ministro da Educação

Publicado às 18:48
Atualizado às 20:22

Carlos Decotelli falou à imprensa após a conversa que teve agora a pouco com o presidente da República. “Ele (Bolsonaro) queria saber detalhes da minha vida de 50 anos como professor”, disse Decotelli (…) ele queria saber das questões dos detalhes acadêmicos”, disse Decotelli ao detalhar como foi a reunião.

Sobre a polêmica em relação ao doutorado, Carlos Decotelli disse: “A universidade Nacional de Rosário acolheu um grupo da Fundação (FGV) para fazer um curso de doutorado e, ao concluir o curso, a universidade entregou um certificado de conclusão de créditos. Foi feita uma formatura para quem concluiu o curso de doutorado na universidade”.

“Aí tem uma outra etapa, aqueles que quiserem defender a tese receberão o título de doutor para validar as leis argentinas. A banca disse que a minha tese estava muito profunda (…) essa foi a recomendação da banca”, complementou. 

Quando questionado sobre o porque não retornou à Argentina para defender a tese, Decotelli justificou que não tinha bolsa de estudos para financiá-lo e que por isso teve dificuldades de se manter. “Não havia bolsa, o custo operacional era particular (…) eu tive dificuldades financeiras de voltar e defender a tese. (…) então eu fiquei com o diploma de créditos concluídos”, disse, fazendo referência ao fato de que não defendeu a tese novamente e que seu diploma diz respeito apenas às aulas que assistiu. 

Decotelli disse que Bolsonaro não comentou sobre algum tipo de constrangimento e que ele permanece no cargo. “Ele não falou de constrangimento, ele disse que confia nos projetos para ter oportunidades para todos”, afirmou.

Sobre o mestrado, o ministro da educação afirmou que em um mestrado se lê muito e, por isso, pode ter acontecido um erro. “É possível haver distração, sim senhora. Hoje em dia existem mecanismos de verificação, mas naquela época (em que fez o mestrado) não. “Não houve plágio porque o plágio é considerado quando o senhor faz ‘control C, control V’. E não foi isso”, disse.  

Carlos Decotelli não mencionou quando será sua posse oficial como Ministro da Educação, que estava marcada para esta terça-feira (30).

A polêmica do currículo

A posse do novo ministro da Educação, Carlos Decotelli, que estava marcada para acontecer nesta terça-feira (30), teria sido adiada pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

O adiamento da cerimônia seria pelo fato das incoerências no currículo acadêmico de Carlos Decotelli, que afirmou ser  doutor por uma universidade na Argentina e  pós-doutor por uma universidade da Alemanha. Ambas as instituições negam que o ministro tenha concluído os cursos.

Segundo o jornal “Estadão”, depois das denúncias sobre seu doutorado e pós-doutorado, o governo está repensando se vai manter Decotelli no cargo.

Sua nomeação foi publicada no Diário Oficial depois de o seu nome ter sido anunciado. Durante o fim de semana, a crise aumentou e Decotelli chegou a divulgar uma carta mencionando que sua tese de doutorado não teve a defesa autorizada.

“Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente à banca. Contudo, fruto de compromissos no Brasil e, principalmente, do esgotamento dos recursos financeiros pessoais, o ministro viu-se compelido a tomar a difícil decisão de regressar ao país sem o título de Doutor em Administração.” Ele também afirmou que iria revisar o trabalho de mestrado na FGV.

Desde que foi anunciado como novo ministro da Educação, Decotelli passou a ter as informações de seu currículo questionadas.

De acordo com a jornalista do UOL, Constança Rezende, o Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) entrou com uma representação para que o órgão adote medidas para apurar possíveis prejuízos ao erário decorrentes da nomeação do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli.

O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado justificou o pedido com base em notícias veiculadas na imprensa de que Decotelli não concluiu o curso de doutorado.

O MP cita a teoria dos motivos determinantes que orientaram a escolha do seu nome pelo presidente da República e que uma eventual invalidade do ato de nomeação do novo ministro da Educação resultaria na necessidade de ressarcimento aos cofres públicos de despesas incorridas.

“Uma questão de fé”

Em entrevista ao Estadão, Decotelli, que é evangélico, foi questionado sobre como vai tratar de temas caros à base bolsonarista, como escola sem partido e ideologia de gênero. Decotelli, disse que Bolsonaro não conversou sobre essas pautas e que, neste momento, a urgência é  resolver os problemas da educação decorrentes da pandemia do coronavírus.

Perguntado qual a sua opinião sobre escola sem partido e ideologia de gênero, ele se disse voltado para as questões da crença no Novo Testamento.

“Eu sou um técnico. Cresci dentro da Primeira Igreja Batista do Rio e sou voltado para as questões da crença neotestamentária do núcleo evangélico tradicional, como as igrejas Batista, Metodista, Presbiteriana. Frequentei escola dominical desde dois anos de idade e hoje sou membro da Primeira Igreja Batista de Curitiba. Nas convicções que estão na Bíblia, no Novo Testamento, eu acredito. Uma questão de fé. É assim que procedo na minha vida.”

Fonte: UOL e Último Segundo

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