Na missa de Santa Bárbara, no Largo do Pelourinho, além de atabaques, houve a distribuição de acarajés, por parte de seguidores do Candomblé.

A reportagem de Terra Magazine sobre a missa de Santa Bárbara, presidida pelo arcebispo-primaz do Brasil, Dom Murilo Sebastião Krieger, no Largo do Pelourinho, motivou uma nota da Arquidioce de Salvador para esclarecer a presença de elementos das religiões de matriz africana.

Além de atabaques, houve a distribuição de acarajés, por parte de seguidores do Candomblé, aos fiéis de Santa Bárbara e da orixá Iansã. As duas divindidades são fundidas no sincretismo, que é rechaçado tanto por católicos conservadores quanto por terreiros tradicionais de Salvador. A Igreja baiana afirma que não foi a promotora do gesto de partilha.

Na festa popular, transcorrida no Centro Histórico de Salvador, o povo de santo é predominante e não deixa de se manifestar nos ritos católicos. À tarde, no mercado de Santa Bárbara, há a oferta de caruru, um prato de importância não apenas culinária, mas também religiosa, pois é deitado em oferendas aos orixás.

Da nota da Arquidiocese, destaca-se o trecho em que a cúria reconhece a incorporação de elementos africanos: “A Missa presidida por Dom Murilo Sebastião Krieger, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, seguiu rigorosamente os ritos católicos, usando elementos da cultura africana como os ritmos e cores. Em momento algum foi utilizado algum desses elementos numa dimensão religiosa ou sincrética.”

A nota surgiu após a reação de católicos conservadores na internet, com ofensas à conciliação religiosa, essencialmente baiana, no Largo do Pelourinho. A missa ocorreu num momento em que os terreiros de Candomblé enfrentam as perseguições midiáticas de igrejas neopentecostais.

[b]Confira a íntegra da nota.
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Nota da Arquidiocese de São Salvador da Bahia sobre matérias referentes à Festa de Santa Bárbara

“A Arquidiocese de São Salvador da Bahia lamenta profundamente a falta de conhecimento ou má fé de alguns veículos de comunicação presentes na cobertura da Missa de Santa Bárbara realizada ontem, 04 de dezembro, no Centro Histórico de Salvador.

Uma postura jornalística que não reflete a verdade dos fatos em aspecto fundamental para a vida, a fé e a cultura dos baianos, como a festa de ontem, apenas prejudica os caminhos de diálogo respeitoso, de abertura nas diferenças e de fidelidade à fé vivida pela Igreja e pelas religiões de matriz africana.

Expressões como “Dom Murilo Krieger presidiu a solenidade no Largo do Pelourinho, onde foi distribuída ao mesmo tempo hóstia e acarajé, que no Candomblé é chamado de acará, ou seja, a comida ofertada à Iansã” (A Tarde on line e Terra Magazine) não favorecem a grandeza do momento por um simples motivo: faltam com a verdade.

Esse jeito de fazer jornalismo não favorece a maturidade religiosa e cultural do povo baiano e distorce a veracidade dos fatos.

A Missa presidida por Dom Murilo Sebastião Krieger, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, seguiu rigorosamente os ritos católicos, usando elementos da cultura africana como os ritmos e cores. Em momento algum foi utilizado algum desses elementos numa dimensão religiosa ou sincrética.

Para que a verdade seja estabelecida, solicitamos dos veículos que publicaram as matérias o restabelecimento da verdade para bem da sociedade baiana.

[b]Fonte: Jornal do Brasil[/b]

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