A cristã paquistanesa Asia Bibi, que passou oito anos no corredor da morte antes de ser libertada no ano passado, viajou para o Canadá e se reuniu com sua família, informou seu advogado.
“É um grande dia”, disse Saiful Malook ao jornal britânico The Guardian. “Asia Bibi deixou o Paquistão e chegou ao Canadá. Ela se reuniu com sua família. Justiça foi feita”.
A chegada de Bibi ao Canadá pode marcar o fim de uma provação de nove anos, quando a cristã foi falsamente acusada de insultar o profeta Maomé.
Ela ficou sob custódia desde que foi libertada da prisão no ano passado, depois que a principal corte do Paquistão a absolveu da acusação de blasfêmia.
Grupos islâmicos protestaram por três dias após o veredicto, paralisando partes do país, até que o governo firmou um acordo que incluía uma promessa de que o caso seria apelado. O supremo tribunal confirmou a absolvição em janeiro.
O Canadá ofereceu asilo a Bibi, mas amigos próximos disseram ao The Guardian que ela estava sendo impedida de sair pelas autoridades. Seus filhos partiram para o país no final do ano passado.
Malook disse que a chegada segura de Bibi no Canadá foi resultado do trabalho duro de ativistas, diplomatas estrangeiros e outros “que apoiaram Bibi em tempos difíceis e trabalharam por sua liberdade”.
Bibi foi acusada por muçulmanos de insultar o profeta Maomé após beber seu copo de água em junho de 2009.
Cinco dias depois da briga, uma mesquita local alegou que ela havia cometido blasfêmia — Bibi foi arrastada de sua casa por uma multidão e espancada na presença de policiais antes de ser presa.
Preço da Justiça
A cristã foi condenada à morte em 2010, no que se tornou o mais infame caso de blasfêmia do Paquistão. Ela sempre alegou sua inocência.
Um dos apoiadores de mais alto perfil de Bibi, o governador de Punjab, Salman Taseer, foi morto por um de seus próprios guardas de segurança em janeiro de 2011, depois que apelou publicamente ao presidente do Paquistão para perdoar Bibi.
Taseer foi baleado 27 vezes a curta distância por Malik Mumtaz Hussain Qadri, que foi banhado com pétalas de rosa por seus partidários quando apareceu no tribunal. Ele foi executado em 2016.
O ministro das Minorias do Paquistão, Shahbaz Bhatti, que também apoiou Bibi e pediu a reforma das leis contra a blasfêmia, foi morto por militantes armados do Talibã em março de 2011.
A blasfêmia é uma questão altamente inflamatória no Paquistão, onde até mesmo acusações não comprovadas de insultar o Islã podem desencadear linchamentos.
Ativistas de direitos humanos dizem que as acusações de blasfêmia são frequentemente usadas para acertar contas pessoais.
Fonte: Guia-me com informações de BBC News