O assassinato numa rica cidade do norte da Itália de uma jovem paquistanesa cometido pela própria família por ela ter se negado a seguir as normas impostas pela tradição de sua cultura, deixou os italianos chocados e alimenta polêmicas a respeito da falta de integração dos imigrantes na Europa.

A descoberta no sábado do corpo esfaqueado de Hina Saleem, 21 anos, enterrado no jardim de sua casa em Sarezzo, cidade próxima à próspera Brescia, no nordeste do país, depois das queixas de seu noivo, um italiano de 33 anos, divorciado duas vezes, trouxe à tona uma série de questões de caráter moral, social, político e cultural.

Para o promotor da República de Brescia, Giancarlo Tarquini, a jovem paquistanesa foi assassinada por seu pai, “por não respeitar as normas de sua etnia e de sua cultura”, já que tinha um noivo italiano e se negava a se casar com a pessoa que a família havia escolhido. O pai e o cunhado da jovem estão detidos como autores do crime, enquanto que uma terceira pessoa está sendo procurada pelas autoridades por ter participado do episódio.

As autoridades investigam se o assassinato foi premeditado, organizado e aprovado pela família. O pai da jovem, descrito por seu advogado como um homem “piedoso, que respeita o Alcorão ao pé da letra”, confessou aos carabineiros que havia matado a filha “porque não queria que se tornasse como as outras”.

“Hina era bela, usava minissaia e deixava seu umbigo à mostra como as jovens de sua idade. Além disso, falava bem o italiano e sonhava em ser atriz”, contou à imprensa sua vizinha. Consternado com o crime, o porta-voz da comunidade paquistanesa, Mohammed Tofi, advertiu que o assassinato “poderia ter ocorrido também em uma família italiana”.

No entanto, líderes políticos e editorialistas consideram que se trata de um caso dramático que é fruto da falta de integração dos imigrantes na Europa. “Um drama dessas proporções nos lembra que o caminho da integração é longo e que não se pode ser demagógico”, assegurou o porta-voz da Aliança Nacional (direita), Ignazio La Russa.

Fonte: Terra

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