A Frente Parlamentar Evangélica anulou, nesta quinta-feira (2), a eleição do novo presidente da Bancada Evangélica no Congresso Nacional. Isto porque houve discordância quanto à utilização da cédula impressa.
Com bate-boca entre seus membros e ameaças de judicialização, a eleição não chegou a lugar algum nesta quinta-feira (2) e foi adiada.
A queda de braço eleitoral ficou entre os deputados Silas Câmara (Republicanos-AM) e Eli Borges (PL-TO).
Sem o costume de realizar eleições, a bancada sofreu diversos problemas com o processo de votação.
Pleitos passados tiveram como praxe a aclamação de um presidente sem necessidade de votação. Assim aconteceu desde a criação da Frente Parlamentar Evangélica, em 2003.
Sem o costume de realizar eleições, a bancada sofreu diversos problemas com o processo de votação.
Parlamentares que não se inscreveram na lista conseguiram votar —manobra que o regimento interno não permite.
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente do bloco que passará o bastão, disse que houve divergência entre a quantidade de votos e o número de parlamentares que assinaram a lista de presença.
“O nosso sistema, por problema de internet, tem várias quedas, e por isso tivemos problemas na nossa lista [de membros da bancada]. Nós tivemos alguns que, por acharem que o nome estava na lista, colocaram seus votos. Por conta disso, minha decisão foi pela nulidade da eleição nesse momento.” Novo pleito foi marcado para a segunda quinzena de fevereiro.
O candidato que corre por fora, Eli Borges (PL-TO), não topou a proposta de revezar com Silas Câmara na chefia da bancada. A sugestão declinada: Borges seria presidente em 2024, e Câmara, neste primeiro ano de governo Lula (PT).
O jeito foi ir para voto. Inicialmente eram quatro na disputa, mas Otoni de Paula (MDB-RJ) e o senador Carlos Viana (Podemos-MG) desistiram na última hora.
A anulação da votação só foi definida após mais de quatro horas de discussão.
“A minha decisão foi pela nulidade da eleição. Vou publicar um novo edital. Nós tivemos dificuldades por causa do sistema de informática da Câmara”, declarou o atual presidente da Frente, Sóstenes Cavalcante (PL/RJ).
Nesse meio tempo, Otoni afirmou que, se o pleito não fosse anulado, entraria na Justiça. “Está sendo fraudada a eleição pelo grupo do Silas Câmara […] A gente não fala que é crente, a palmatória do mundo? Corrige gays, corrige todo mundo, e faz essa sacanagem aqui dentro?”
Um dos mais longevos evangélicos na Casa, com o primeiro dos sete mandatos iniciado no século 20, Silas Câmara é de uma família forte na Assembleia de Deus do Norte. Seu irmão Samuel Câmara lidera em Belém a chamada Igreja-Mãe, a primeira expoente brasileira dessa denominação, fundada em 1911. Jonatas Câmara, outro irmão, está à frente da Assembleia de Deus no Amazonas.
Com forte influência na Câmara dos Deputados, duas lideranças da bancada evangélica foram eleitas para composição da Mesa Diretora da Câmara nos cargos de 1⁰ vice-presidente (Marcos Pereira, do Republicanos-SP) e 2⁰ vice-presidente (Sóstenes Cavalcante, do PL-RJ).
Fonte: Folha de S. Paulo e Comunhão