Há quase dois anos a Band está em um processo de mudança de imagem.
Isso começou ainda em 2020, quando a emissora surpreendeu ao anunciar investimentos em uma nova programação, com contratações e uma completa reformulação interna em quase todos os escalões.
É o que informa o colunista do UOL, Ricardo Feltrin.
Depois disso, a emissora passou a investir em esportes (“Show do Esporte”, Fórmula 1 etc.) e, em seguida, chegou ao entretenimento (Zeca Camargo, Edu Guedes, Ticiana Villas-Boas e a grande estrela da casa, Fausto Silva).
Ao mesmo tempo continuou a investir na TV paga, com a estreia do canal Sabor e Arte e com uma programação refinada em um dos melhores canais da TV por assinatura no país: o Arte 1 —responsável por introduzir a emissora da família Saad no mundo do streaming.
Depois de investir em todas essas áreas, ainda faltava o jornalismo.
O primeiro passo nessa direção poderá ser o “relançamento” do canal 21, com uma programação voltada às reportagens e prestação de serviço regionais (SP).
No meio desse caminho, porém, todos sabiam que havia uma pedra chamada “igrejas”.
Para vencer seus graves problemas financeiros, que perduraram por décadas, a Band passou a vender horários para várias denominações religiosas e espiritualistas: da Igreja Universal ao pastor Malafaia; de R.R. Soares à Seicho-No-Ie.
O problema maior era no horário nobre, onde o pastor Soares desabava a audiência do canal para o traço, justamente após um de seus melhores momentos, com o “Jornal da Band”.
Ao tirar o pastor dali e colocar Faustão em seu lugar, a emissora saiu do “traço” para 4 ou cinco pontos de média em São Paulo (a expectativa interna era de 3 pontos).
No entanto, Faustão não emplacou no resto do país, como provam os números de audiência consolidados, em janeiro, publicados ontem por esta coluna.
Por outro lado, a saída da igreja também valorizou o jornalismo da casa, que não vê mais sua árdua batalha para bater os 4 pontos no mínimo, em São Paulo (principal mercado da publicidade), diariamente, ser jogada ao chão minutos após seu término, porque uma igreja ocuparia o horário a seguir.
A BandTV fez uma aposta arriscada: vai perder muitos milhões em receitas das igrejas (um dinheiro absolutamente líquido, sem gasto nenhum, diga-se de passagem) para apresentar uma nova imagem ao mercado.
O resultado já começa aparecer: mesmo sem os pastores: a emissora já está faturando alto em 2022 com a Fórmula 1 e Faustão. Houve uma mudança de patamar (preço) de sua tabela comercial.
Fonte: Ricardo Feltrin – UOL