Um bispo católico que supervisionou o acordo judicial da sua diocese com supostas vítimas de abuso sexual está enfrentando acusações de posse de pornografia infantil, informou a polícia nesta quarta-feira.

Raymond Lahey, 69, teve seu computador apreendido depois que as autoridades encontraram imagens comprometedoras durante um controle de rotina no aeroporto internacional de Ottawa, em 15 de setembro, quando o bispo voltava do exterior. Ele foi detido no próprio aeroporto e liberado em seguida, mas seu computador e “outros aparelhos de comunicação” foram apreendidosm informou nesta quarta-feira a polícia de Ottawa.

A polícia indiciou Lahey por posse e importação de pornografia infantil, dez dias depois. Um mandado de prisão foi emitido contra ele e a polícia ainda está procurando o bispo, disse o chefe policial J.P. Vincelette.

O bispo não fez qualquer menção à detenção, quando renunciou ao cargo de bispo da diocese de Antigonish em Nova Escócia no fim de semana passado.

“Eu quero comunicar a vocês que depois de muita reflexão e consideração cuidadosa, decidi apresentar ao Santo Padre a minha renúncia como bispo por motivos pessoais”, escreveu o bispo em carta aos fiéis, na qual pediu que rezassem por ele e disse que deixava o cargo em um momento de grandes desafios para a diocese. “Embora eu já não esteja com vocês nesta jornada, estou confiante que a sua fé e compaixão vão continuar a sustentá-los como sempre fizeram.”

O Papa Bento 16 aceitou a renúncia.

Lahey havia ganhado manchetes nacionais recentemente, quando supervisionou um acordo de 15 milhões de dólares canadenses (US$ 14 milhões) com pessoas que disseram ter sido abusados sexualmente por padres da diocese desde 1950.

O bispo, que não estava envolvido nesse caso, disse que o acordo foi o primeiro passo para reconhecer o suposto abuso de crianças.

O padre Paul Abbass, falando em nome da diocese, disse que ficou chocado com a notícia e que não sabia que uma prisão por pornografia infantil tinha sido o motivo da renúncia.

“Havia todo tipo de especulações de que ele estava doente, que tinha a ver com o acordo judicial e que era stress”, disse o padre. “Eu acho que agora nós sabemos o que ele quis dizer quando falou de razões pessoais”.

Fonte: Folha Online

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