Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o bispo Luiz Flávio Cappio diz que “falta uma decisão política mais lúcida” do governo federal em relação à proposta de transposição do rio São Francisco, mas negou a hipótese de fazer greve de fome, como aconteceu em 2005.

“Nosso pedido é que se retome o diálogo e que se garanta que seja amplo, transparente, verdadeiro e participativo”, diz d. Cappio na carta.

Na semana passada, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pediu ao Supremo Tribunal Federal que suspenda a transposição. A obra está orçada em mais de R$ 4 bilhões.

A execução do projeto foi liberada em dezembro de 2006 por decisão do ministro do STF Sepúlveda Pertence após mais de um ano paralisada devido a dez liminares.

Cappio protocolou ontem no Palácio do Planalto a carta ao presidente. No documento consta uma frase de Lula, dita ao bispo em 2005, segundo a qual ele “não seria louco de levar essa obra à frente se apresentassem uma alternativa melhor”. “Estamos apresentando uma alternativa viável”, explicou o bispo.

A carta cita estudos da ANA (Agência Nacional de Águas) e da ASA (Articulação do Semi-Árido), que apontam soluções para a seca, como o abastecimento dos núcleos urbanos do semi-árido com mais de 5.000 habitantes.

Cappio afirma que as obras previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para o rio não têm o objetivo de solucionar os problemas sócio-ambientais, mas de servir a interesses locais.

Os alvos da crítica foram o Ministério da Integração e seu ministro, Pedro Britto. “O projeto é controvertido, ecologicamente confuso e economicamente prejudicial”.

O ministro evitou polemizar. “Do ponto de vista social, o projeto é inatacável. Vai beneficiar 12 milhões de brasileiros sem prejudicar nenhum”, afirmou Britto.

Fonte: Folha de São Paulo

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