Durante sua viagem ao Reino Unido, o papa Bento XVI repetiu novamente a “dor” e “consternação” pelos crimes de pedofilia na Igreja, segundo avaliou a Conferência de Bispos Católicos da Inglaterra e País de Gales.
O presidente da entidade e arcebispo de Westminster, Dom Vincent Nichols, também afirmou que o Pontífice se lamentou pelo insucesso “de nós, bispos, que por vezes não conseguimos confrontar tais problemas de modo eficaz”.
Em um artigo publicado hoje na primeira página do jornal vaticano L’Osservatore Romano, o religioso assegurou que o Papa falou de sua dor pelos “abusos contra crianças” e os erros do clero no contexto da atenção ao aspecto “taumatúrgico” de Cristo.
“Conhecemos todos a nobreza de renunciar àquilo que queremos pelo bem dos que amamos. Todos sabemos que o sacrifício é uma parte chave da realização de si mesmo. Fazemos isso sempre. Ele está contido no mistério de Cristo e se torna verdadeiramente salvífico. Só em tal mistério podemos superar nossas falhas e recomeçar, e devemos fazê-lo”, apontou.
Bento XVI esteve na semana passada em solo britânico, entre os dias 16 e 19, e manteve uma reunião com vítimas de pedofilia, conforme já fez em viagens anteriores, e outra com pessoas que trabalham no ambiente eclesial para defender as crianças dos abusos.
Durante o voo que o levou de Roma a Edimburgo, na quinta-feira, o Pontífice admitiu que a Igreja não foi vigilante o suficiente ao lidar com os episódios de pedofilia. Posteriormente, no domingo, acrescentou que o crime foi combatido inadequadamente no passado, ao discursar a bispos da Inglaterra, do País de Gales e da Escócia.
De acordo com Nichols, durante a visita de Estado o Papa também “fixou uma nova agenda para a Igreja no Reino Unido”, a fim de que ela encontre novos modos “para falar da fé na nossa complexa sociedade” e coopere sempre mais com o governo em muitas “questões internacionais de interesse recíproco”.
O líder dos bispos assinalou o “sucesso extraordinário” da visita e retomou as indicações dadas pelo Pontífice aos religiosos do país, entre elas se dirigir a todos com “cortesia, sensibilidade com os sucessos e falhas de quem escuta, coração aberto, disponibilidade para dizer coisas difíceis com clareza e com razão, capacidade de não supervalorizar as exigências da fé”.
Recordando a homilia de Bento XVI na catedral de Westminster, o líder máximo da Igreja Católica “nos pediu para testemunhar a beleza da santidade, o esplendor da verdade e a alegria e liberdade de um relacionamento com Cristo”, continuou o arcebispo.
Nichols enfatizou ainda as liturgias da visita, “pontilhadas” por “silêncios fervorosos”, e a presença de “muitos jovens”, que “prometeram ser os santos do século XXI”, como havia exortado o chefe de Estado do Vaticano ao visitar o campus da St. Mary’s University College em Twickenham, nas proximidades de Londres.
O Pontífice “deixou uma agenda de melhor cooperação com as autoridades públicas pelo bem comum”, da crise financeira à luta contra a pobreza e a mortalidade infantil e materna nas zonas mais pobres do planeta. Em resumo, “foi uma visita verdadeiramente notável”, na qual “o Papa contribuiu com um importante passo na nossa rica história e nos ajuda a delinear nosso futuro”, completou o líder dos bispos.
[b]Fonte: Ansa[/b]