Pastora Denise Seixas, viúva do Apóstolo Rina, da Igreja Bola de Neve (Foto: instagram @deniseseixas)
Pastora Denise Seixas, viúva do Apóstolo Rina, da Igreja Bola de Neve (Foto: instagram @deniseseixas)

Em mais um desdobramento sobre a disputa pela liderança da Igreja Bola de Neve, a defesa de Denise Seixas, viúva do apóstolo Rina, ingressou com ação no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), alegando fraude por parte do antigo conselho administrativo na gestão financeira da instituição.

A acusação da presidente em exercício da Bola de Neve menciona o antigo conselho, incluindo Everton César Ribeiro “vêm agindo ilegalmente em seu nome, através de redes sociais, outorgando procurações, além de movimentar contas bancárias”.

O documento aponta que os desvios ilegais dos lucros da instituição foram feitos por meio de uma conta bancária paralela.

“E é através da instituição financeira BMP Money Plus que os Requeridos [antigo conselho] tem recebido as receitas de titularidade da Igreja, mediante a emissão de notas fiscais das quais a requerente [Denise Seixas] teve acesso”, diz um trecho do documento.

O processo judicial revela que Denise, além de detalhar as movimentações financeiras, autorizou o acesso integral às contas da Bola de Neve por meio do Bradesco, banco onde a igreja mantém sua conta oficial.

Igreja responde

A Igreja Bola de Neve se manifestou publicamente após as novas denúncias feitas pela pastora Denise Seixas, viúva do apóstolo Rina, contra a ex-diretoria da igreja.

Em nota, a Bola de Neve informou que não há quaisquer indícios de fraude, e que há mais de uma década as contas da organização são auditadas anualmente e aprovadas.

O documento também afirma que todos os contratos eram de conhecimento da pastora Denise Seixas, quando era vice-presidente.

Leia a nota na íntegra

A Igreja Bola de Neve reafirma sua gestão está totalmente de acordo com a legislação e boas práticas de conformidade. Não há, aliás, qualquer indício da prática de fraude, como tem afirmado advogados da pastora Denise a veículos de imprensa.

Há mais de uma década as contas da organização são auditadas anualmente e aprovadas sem restrições por empresa multinacional cuja expertise e seriedade são reconhecidas pela qualidade e regularidade dos serviços prestados.

Os contratos questionados, aliás, eram de conhecimento da pastora Denise Seixas, quando era vice-presidente. Divulgações ou imputações falaciosas sobre valores ou práticas serão alvo de providências judiciais cabíveis, para reparação de eventuais danos morais e materiais.

A Igreja Bola de Neve reitera, nos recursos judiciais que têm movido, que continua válida a renúncia assinada pela pastora Denise Seixas em 27 de agosto, um ato jurídico perfeito que a própria Denise o reconheceu como válido ao receber as importâncias financeiras devidas e previstas pelo acordo firmado naquela ocasião — o acordo previa a renúncia e pagamentos mensais que já ultrapassaram R$ 330 mil à pastora.

Disputa judicial

Após a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que anulou o divórcio entre Denise Seixas e o apóstolo Rina, líderes da igreja evangélica Bola de Neve alegaram que a pastora continuou recebendo valores acordados em contrato. Segundo o colegiado, Denise teria embolsado cerca de R$ 340 mil desde agosto, mesmo após a morte de Rina. O caso é parte de uma disputa judicial que envolve o comando da igreja e acusações de desvio de recursos.

A 9ª Câmara de Direito Privado do TJSP manteve uma decisão de primeira instância que considera Denise, perante a Justiça, viúva de Rina, anulando acordos feitos durante o processo de separação não homologado. O colegiado argumentou que a pastora assinou um acordo em 27 de agosto de 2024, no qual renunciava ao cargo de vice-presidente da instituição. Apesar disso, a direção da Bola de Neve afirma que Denise continuou a receber benefícios, mesmo após contestar publicamente o acordo. A defesa da pastora, no entanto, nega que ela tenha recebido tais valores.

A disputa judicial se intensificou nos últimos meses, com reviravoltas envolvendo decisões de diferentes varas judiciais. Após ser retirada da sede da igreja por um mandado de reintegração de posse, Denise conseguiu uma decisão judicial que invalidou o acordo de separação, sustentando que ela ainda é a vice-presidente da Bola de Neve e, portanto, sucessora legítima de Rina no comando da organização religiosa.

Desvio de dinheiro

Denúncias de desvio de dinheiro também foram apresentadas pela pastora contra membros da direção da igreja, incluindo Everton César Ribeiro. A acusação aponta movimentações financeiras suspeitas em contas da igreja e empresas vinculadas a líderes da instituição, como a SIAF Solutions e a Green Grid Energy. Essas empresas teriam gerido dízimos e taxas arrecadadas em templos da Bola de Neve, que possui aproximadamente 560 unidades e uma receita anual estimada em R$ 250 milhões. Denise afirma que contratos foram firmados sem transparência, beneficiando pessoas próximas à direção da igreja.

Enquanto a direção da Bola de Neve assegura que as finanças da instituição são auditadas e regulares, Denise alega irregularidades e comunicou o caso ao Ministério Público de São Paulo. Em nota, a direção da igreja declarou que todos os contratos foram aprovados por auditorias externas e que as acusações da pastora são infundadas.

Disputa pelos bens de Rina

A situação envolvendo os bens do apóstolo Rina também se tornou alvo de disputa. A Justiça de São Paulo negou o pedido de Denise para ser inventariante dos bens do ex-marido, nomeando o filho mais velho do casal, Rinaldo Neto, como responsável pelo inventário.

Denise havia afirmado, em e-mail enviado após a morte de Rina, que retomaria a presidência da instituição conforme previsto no estatuto social da Bola de Neve. A pastora segue argumentando que é a legítima sucessora de Rina na liderança da organização religiosa.

Fonte: Fuxico Gospel e Metrópoles

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