Candidatos a cargos proporcionais ligados ao segmento evangélico estão abertamente se posicionando contra o homossexualismo nos programas eleitorais gratuito da televisão. A atitude, apesar de ser considerada corajosa por parte de integrantes de movimentos que defendem os direitos da classe, promete gerar polêmica no debate político.

O candidato a deputado estadual e pastor Edilson da Cunha Sena (PSDB) estampa em material de campanha que lutou contra a instituição do Dia do Orgulho Gay em Cuiabá. Da mesma forma, o pastor Sérgio Aguiar (PSDB), que disputa uma vaga à Câmara Federal, afirma no programa eleitoral ser contrário aos projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional estabelecendo a união civil entre homossexuais, bem como a adoção de crianças por casais homossexuais. Esta é a primeira vez que candidatos vão à televisão expor abertamente questões até então tratadas com certo melindre.

Para o representante da Organização Não Governamental Livremente em Mato Grosso, Clóvis Arantes, a atitude dos candidatos é preconceituosa e oportunista. “Eles não fazem uma discussão com os movimentos, então eles não estão fazendo uma defesa do que conhecem”, opinou Arantes.

A falta de discussão, na avaliação de Arantes, faz com que o discurso seja apresentado de forma individual e com um cunho moralista “muito grande”, que não contribui em nada para a democracia. “Um deputado desses não vai trabalhar nunca pela inclusão, então eles não contribuem em nada para a democracia, porque democracia é inclusão”, ressaltou.

No entanto, Clóvis Arantes reconhece que os candidatos que se manifestam contrários ao homossexualismo são corajosos, uma vez que os que concordam e aceitam o segmento não tem coragem de falar abertamente. “Eles têm medo de perder votos ou de ser taxados como sendo do movimento”, avaliou Clóvis.

Questionado sobre a bandeira contra o homossexualismo, o pastor Sena argumentou que não tem nenhum preconceito contra os homossexuais, mas sim contra a prática do homossexualismo. “A pessoa pode se recuperar, a prática não”, explicou. Segundo Sena, ele foi contrário à instituição do dia 17 de junho como dia do orgulho gay porque considera que o projeto de lei incentiva à prática do homossexualismo. “A prática é contra a Bíblia. Quando você tem leis que incentivam a prática, você acaba tirando a possibilidade das pessoas se recuperem”, disse. Citou ainda que a sua igreja não tem preconceito contra as pessoas.

“Prova disso é que na minha igreja tem uma pastora que nós recuperamos há 12 anos”, contou. “Mas eu realmente sou a favor dos valores morais e da família, mas sem nenhum preconceito”, finalizou.

Já o pastor Sérgio argumentou que é justamente porque o Brasil é um país democrata que ele tem o direito de defender a sua opinião. “A democracia é isso, cada um tem o direito de defender suas idéias. Eu defendo isso e eles defendem a posição deles”, disse.

Para o candidato, que também diz não perseguir os homossexuais, mas sim à prática, o homossexualismo é uma tentativa de interferir no poder de Deus. “A vida só pode ser gerada por um homem e uma mulher. Isso é um princípio que não tem como mudar”, ressaltou.

Fonte: Diário de Cuiabá

Comentários