Moli (pseudônimo) é uma parceira local da Portas Abertas na China e especialista sobre o país. Ela explica que, na China, o comunismo também é uma religião, exigindo que o povo seja dedicado e leal apenas ao Partido Comunista. No entanto, para os cristãos, a prioridade é Deus.
“Até agora, pelo menos onde eu vivo, somos livres para ir à igreja, mas não é mais permitido reunir um grande grupo. Uma reunião com mais de 100 pessoas pode ser alarmante para o Partido. Isso nos causa problemas, como policiais invadindo o local ao receberem denúncias dos vizinhos. Então, para evitar problemas, as igrejas domésticas se dividem em pequenos grupos”, conta.
Sobre as câmeras, ela fala que elas estão por todo lado: “Nós já estamos acostumados a isso, mas há prós e contras”. Por um lado, isso previne crimes. Então se há um roubo, a polícia pode identificar os criminosos e prendê-los. Por outro lado, as câmeras fazem muitos se sentirem como se estivessem sendo vigiados. “Não há câmeras de vigilância na minha igreja. Se elas fossem instaladas do lado de dentro, acredito que todos se sentiriam desconfortáveis e inseguros. Ninguém quer ser vigiado. Não sabemos quem está assistindo, como eles pensam e o que farão. Eu acredito que as pessoas querem ser livres de qualquer monitoramento.”
Igrejas registradas têm câmeras instaladas em seus prédios, portanto são controladas pelo governo. As igrejas domésticas estão livres disso, pois se reúnem secretamente e não estão registradas no sistema oficial, sendo consideradas ilegais. O governo quer que todas as igrejas se registrem, mas muitas escolhem não o fazer porque não querem ser controladas. Afinal, toda semana, as igrejas registradas devem ter seus sermões revisados, sendo que ajustes no conteúdo são muito comuns. “Até onde eu saiba, algumas igrejas registradas não podem pregar completamente o evangelho da Bíblia”, compartilha Moli.
Restrições de conteúdos online
Quanto aos novos regulamentos, que restringem e monitoram conteúdos online, em 2022, mais um foi aprovado. Depois disso, muitos sites religiosos e contas foram bloqueados ou removidos e artigos desapareceram. “Apesar disso, as pessoas ainda podem cadastrar novas contas e fazer a mesma coisa novamente. Aqui é a China, sempre haverá uma forma. Nós ainda podemos ver artigos religiosos e deixar comentários no post sem consequências imediatas. Podemos nos comunicar no WeChat (um tipo de WhatsApp chinês), fazer anúncios dos cultos de domingo e enviar trechos das Escrituras”, explica.
As pessoas que não são consideradas de destaque ainda podem postar, desde que não seja algo desfavorável ao Partido. “Por exemplo, se eu mando uma mensagem para uma pessoa de destaque, que provavelmente está no radar do governo, vou usar códigos em minha comunicação. Há um pastor que tem seu WeChat monitorado pelas autoridades. Ele não podia mandar nenhuma mensagem, principalmente relacionada à religião. Isso pode ter acontecido por causa de sua igreja ou de outras atividades que podem ter desagradado às autoridades. Novamente, para cristãos comuns, não é tão restrito”, finaliza Moli.
As tecnologias são cada vez mais usadas pelo governo chinês como ferramenta de controle e perseguição aos cristãos. Com uma doação, você fortalece cristãos chineses por meio de discipulado e literatura cristã.
Fonte: Portas Abertas