Uma das proibições da censura chinesa para este ano corresponde ao uso do ideograma do porco, o que coincide com a celebração do ano deste animal, iniciado no dia 18, segundo um documento governamental distribuído para os meios de comunicação e divulgado pelo jornal “South China Morning Post”.
“O ideograma do porco não deve ser usado” este ano para evitar ferir a sensibilidade das minorias muçulmanas da China, diz o documento, segundo o diário.
Uma autoridade do departamento de propaganda da Administração Estatal de Rádio, Cinema e Televisão (Sarft, sigla em inglês), que transmite essas diretrizes aos meios de comunicação, confirmou ao jornal a proibição do uso do ideograma do porco, mas evitou se referir aos demais vetos alegando que os funcionários responsáveis estão de férias.
A proibição foi confirmada à Efe na semana passada, quando um jornalista do canal estatal “CFTV” disse: “Pediram-nos que os porcos não apareçam muito na televisão, que os evitemos na medida do possível”.
Nas feiras realizadas por ocasião do Ano Novo Lunar nos templos do país, podia-se verificar que as representações do animal são escassas. Em geral, nestas feiras, há muitos balões com a forma do animal do ano e outros objetos similares de grande visibilidade e colorido.
Hoje, o “Diário do Povo” informa que o Executivo chinês redigirá pela primeira vez uma normativa que regulará os alimentos muçulmanos “para garantir a proteção dos costumes das minorias étnicas islâmicas”.
Na China, há dez minorias que professam o Islã (Hui, Uigur, Cazaque, Uzbeque, Tártara, Bonan, Quirguiz, Tadjique, Dongxiang e Salar) e que somam um total de 20 milhões de pessoas.
O documento do Departamento Central de Propaganda e da Administração Geral de Imprensa e Publicações sobre os limites da imprensa para este ano inclui outros temas considerados críticos ao regime. O texto recomenda, por exemplo, não mencionar a “campanha antidireitista” contra os japoneses “para não atingir de forma negativa” o país vizinho.
Outras proibições estão relacionadas ao debate sobre a liberdade de imprensa e às campanhas de proteção de direitos legais.
O 90º aniversário da Revolução de Outubro na Rússia será “rigorosamente censurado”, e o colapso da antiga União Soviética e da Cortina de Ferro será mencionado o mínimo possível.
Temas que despertam o descontentamento popular – como a corrupção judicial, as campanhas de ativistas pelos direitos humanos, os crimes sexuais e o aristocrático modo de vida dos mais ricos e de suas concubinas – também serão censurados, segundo o diário.
Essas diretrizes, emitidas em reunião da Sarft em janeiro, um dia após outra reunião do Departamento de Propaganda, são mantidas em segredo fora dos meios de comunicação chineses.
O documento também condena oito intelectuais chineses por terem “passado dos limites” e estimulado o debate sobre a liberdade de imprensa e de opinião na China.
Fonte: EFE