A capital mexicana legalizou o aborto nesta terça-feira, desafiando a Igreja no maior país católico do mundo depois do Brasil. Por 46-19 votos, a Câmara Municipal aprovou um projeto da esquerda autorizando a interrupção da gestação nos três primeiros meses
A votação dividiu o país e fez com que na semana passada o papa Bento 16 enviasse uma carta pedindo aos bispos locais que se manifestassem contra.
Tropas de choque tiveram de intervir para impedir confrontos entre os dois grupos adversários diante da Câmara. Chorando, manifestantes contrários à prática tocavam gravações com choros de bebês e levavam pequenos caixões brancos.
Até terça-feira, Cuba, Guiana e Porto Rico eram os únicos lugares das Américas do Sul e Central que permitiam o aborto.
Líderes religiosos ameaçaram excomungar vereadores de esquerda, a maioria do Partido da Revolução Democrática, que votaram a favor da legalização. No resto do país, o aborto continua proibido. As pesquisas mostram que a população estava dividida.
Defensores da legalização, bem representados na capital, de mentalidade mais liberal, dizem que 2.000 mulheres, a maioria pobres, morrem por ano no México devido à realização de abortos em clínicas clandestinas, sem as condições adequadas.
O arcebispo Angelo Amato, segunda maior autoridade doutrinária do Vaticano, referiu-se na segunda-feira ao aborto e à eutanásia como formas de “terrorismo com face humana”.
Fonte: Reuters