Um bilhão de pessoas morrerão de doenças relacionadas ao cigarro neste século se os governos não prevenirem o fumo, afirmaram nesta segunda-feira especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Tabaco é um produto defeituoso. Mata metade de seus clientes”, disse Douglas Bettcher, diretor da Iniciativa Antitabaco da OMS, em uma conferência internacional em Bancoc que pretende elaborar um plano para livrar o mundo do fumo.
“O cigarro mata 5,4 milhões de pessoas por ano, e metade destas mortes ocorrem em países em desenvolvimento. É como um avião jumbo caindo a cada hora”, disse.
Com taxas de fumo crescendo em muitos países em desenvolvimento –especialmente entre adolescentes–, a taxa de mortes anuais poderá subir para 8,3 milhões nos próximos 20 anos, acrescentou.
Bettcher afirma, contudo, que o problema pode ser completamente prevenido com impostos, fim das propagandas e proibição de fumo em locais públicos. Ele cita países como a Cingapura, Austrália e Tailândia, onde leis duras antifumo ajudaram as pessoas a abandonarem o hábito.
“Se fizermos isso [prevenção], podemos salvar 200 milhões de vidas até 2050.”
Conferência
Oficiais de 147 países participam da conferência de uma semana em Bancoc, que provavelmente adotará resoluções contra propaganda internacional de cigarro.
Uma resolução como esta poderia afetar eventos mundiais, como corridas de fórmula 1, que têm patrocínio de indústrias de cigarro.
A conferência estuda também leis mais duras para impedir o contrabando de cigarros. Cerca de 600 bilhões de cigarros foram transportados ilegalmente através de fronteiras em 2006 –o que corresponde a 11% do consumo mundial, segundo organizações antitabaco.
Medidas
Na Tailândia, taxas de fumo entre a população caíram de 30% em 1992 para 18% atualmente, uma queda que oficiais de saúde atribuem à proibição de qualquer propaganda de cigarro no país.
“Os remédios mais importantes contra o cigarro são: número um, aumento de impostos; número dois, proibição da propaganda; e número três, proibição do fumo em lugares públicos”, afirma Hatai Chitanondh, membro do Instituto Tailandês de Promoção da Saúde.
Além de concordar com leis contra propaganda internacional e contrabando, a conferência também poderá emitir regras para países que querem introduzir leis sobre fumo em lugares públicos.
“Não há níveis seguros de exposição à fumaça do cigarro”, diz o texto-rascunho da conferência sobre as regras.
“Abordagens que não planejam ambientes 100% livres do cigarro se mostram ineficazes repetidamente”, completa o texto.
Fonte: Folha Online