A fábrica de diabo interior

“Seja o vosso sim, sim; e o vosso não, não; pois o que disso passar vem do maligno” — Jesus.

Quando Jesus disse que a palavra do homem deve ser sim apenas quando sim seja afirmação; e não tão somente quando não seja negação — Ele não falava de nada que sendo diabo visse de fora do homem como conseqüência disso; isto ao concluir que qualquer coisa que não seja sim sendo sim e não sendo não tem procedência maligna.

De fato Ele falava da procedência maligna que emana de nós, pois, na mentira se abre o poço da fonte de todas as falsificações interiores e de todas as construções feitas de palavras e pensamentos constituídos de engano.

Assim, o que nos segura no caminho da lucidez espiritual é o sim sendo sim e o não sendo não, visto que para além ou aquém disto, o espaço que se abre no ser é de trevas e não de luz.

Ora, a viagem na vereda da verdade [o sim sendo sim e o não sendo não] é o que nos torna seres invencíveis; pois, a verdade não conhece adversário; ou diabo.

Porém, fora da verdade tudo é diabo, tudo é divisão, tudo é falsificação.

A verdade, toda-via, só tem suas raízes no intimo e em mais nenhum outro lugar.

A verdade no intimo lança ramos em todas as direções da vida; mas as chamadas verdades exteriores, não sendo apenas o fruto da verdade no intimo — se tornam mentira, diabo, divisão no ser; posto que fora a pessoa mostra algo que deveria ter relação com a verdade, a qual, em tal caso, não existe no coração como fé.

Assim, quanto mais mentira há num ser humano, mais diabo nele haverá.

E quando falo de mentira, refiro-me àquela que antes de tudo é recusa interior em enxergar a si mesmo contra a luz da verdade.

Em tal espírito o que cresce é o joio da mentira e crescerá até a morte, a menos que tal pessoa se encere na verdade; digo: na Verdade do Evangelho; ainda que assim aconteça na simplicidade da revelação que recebem até aqueles que nunca leram nenhum dos evangelhos, mas que se entregaram à verdade desde o intimo.

Nele, que não faz acepção de pessoas, mas apenas entre a verdade e a mentira,

Caio

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