A “unção do leão” e o caso “Renascer”

Duas imagens que vi recentemente na internet me chocaram bastante. A primeira, a de Ana Paula Valadão, vocalista do ministério Diante do Trono, de quatro em cima do palco, engatinhado feito um felino, supostamente acometida da chamada “unção do leão”, um produto derivado da “benção de Toronto”, que leva fiéis a imitar os trejeitos do citado animal. A segunda, o “apóstolo” Estevam Hernandes e a bispa Sônia sendo condenados a 5 meses de prisão nos Estados Unidos.

Em relação a Ana Paula, não vou me meter a discutir teologicamente a tal unção e acho que nem é necessário. Mesmo os que são admiradores do ministério perceberam como a cena foi ridícula e desnecessária. Aliás, de leão a cena não tinha nada; para mim parecia mais uma coreografia da canção infantil “a minha gatinha parda”.

Nunca fui admirador do Diante do Trono, mas sempre respeitei seu ministério e continuo respeitando, apesar de discordar da teologia de algumas letras de suas músicas, muito calcadas no Velho Testamento e não na dispensação da graça.

O meu problema não é com o ministério em si, mas sim com muitos de seus seguidores que ficam cegos e “bitolados” ao extremo. A relação beira a idolatria onde tudo que vem de seus ícones é verdade absoluta e o único caminho a ser seguido. Já tive diversas discussões acerca de novas tendências do louvor que aparecem sob os rótulos de “revolução do louvor” e coisas do gênero. Como se louvor se resumisse a estilo musical, liturgia ou linha teológica. Louvor é estilo de vida; se reflete no dia-a-dia e em tudo o que fazemos em nossas vidas e não só naquelas duas horas de emocionalismo barato influenciado por música contagiante, a que muitas igrejas e ministérios se resumem. No louvor genuíno não se tem que inventar nada; apenas buscar comunhão e intimidade com Deus, e expressar esse amor de forma natural, espontânea, “em espírito e em verdade”.

No caso da Renascer, vejo o mesmo problema com muitos de seus fiéis; uma cegueira quase que total e uma iconização de seus líderes. Tanto que não enxergam as contradições de Estevam e Sônia, mesmo depois da condenação em Miami. E aqui não está em discussão a justiça americana ou o caso em si, mas as atitudes de ambos, ao se declararem culpados para o juiz e inocentes para sua igreja, ao usarem artifícios jurídicos para tentar amenizar a pena e fazerem acordo com a promotoria.

Só não entendi por quê ficaram tão surpresos e choraram pedindo clemência ao juiz americano, já que como disse antes, se declararam culpados. O que eles esperavam? Do ponto de vista da defesa, inclusive, a sentença foi extremamente favorável, já que se fossem a júri popular poderiam pegar até 10 anos de cadeia.

O caso me fez lembrar de Jim Bakker, televangelista norte-americano, que no final dos anos 80 foi condenado a 45 anos de prisão, por situações semelhantes às que o casal da renascer é acusado no Brasil. O “apóstolo” e a “bispa” deveriam se sentir satisfeitos com os 5 meses que pegaram.

Sei que tanto a Renascer quanto o Diante do Trono tem feito muita coisa boa, e que os podres sempre chagam na mídia em maior profusão. Mas, gostaria de ver suas congregações enxergando seus líderes como seres humanos que cometem erros e pecados como todos nós.

O erro faz parte da caminhada de todo cristão e muitas vezes funciona como um catalisador que nos faz crescer, e consertar aspectos de nossa vida que precisam ser mudados, controlados. Basta lembrar de Pedro, este sim um verdadeiro Apóstolo, e de quantas bobagens fez na vida.

Um abraço,

Leon Neto

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