Quem rola não cai, mas não anda!

As pessoas dizem “fulano caiu” – significando que a pessoa adulterou, ou deixou de ir à “igreja” ou perdeu o interesse nas “coisas de Deus”; entregando-se ao “mundo”; especialmente se fumar ou beber. Nesse caso, o tal indivíduo se “desviou dos caminhos do Senhor”. “Caiu”, dizem “eles”.

Desde menino na fé que odeio essa terminologia. Primeiro porque ela falsa; segundo porque é burra; terceiro porque é presunçosa; quarto porque é pecaminosa; quinto porque é farisaica; sexto porque é indutora de fanfarrice moralista; sétimo porque não diz nada além do juízo dos “crentes” contra os que não agüentaram o “clube da luta dos amados” — a tal da “igreja”.

Eu, por exemplo, nunca caí na fé. Caí sim, Graças a Deus, dos píncaros evangélicos. Aliás, me suicidei entre eles para poder ter vida fora deles. De fato, me joguei do pináculo do tempo; e morri para o que eles chamam “vida”; e eu chamava de mentira e opressão. Assim, caí sim, mas fora… E como é bom cair fora dessa câmara de mentiras e juízos do diabo!

Em Cristo ninguém cai. Só cai quem não está em Cristo.

Em Cristo a gente no máximo experimenta a tentação ou a sedução dela, e, pode sucumbir; e sofrer a disciplina que recebem os filhos amados; mas nunca é possível cair fora da Graça, a menos que se a negue e se não a aceite como perdão e poder para andar no Caminho.

Ora, para Paulo, o cair da Graça equivalia ao que os “crentes” de ontem e hoje chamam de estar “firme na fé.”.

Sim, o que os “crentes” chamam de “cair na fé” é o equivalente ao que Paulo chamava de “andar pela fé em Cristo”, sem justiça própria; sem a presunção de fé dos “judaizantes” ou dos “crentes em si mesmos”.

Já o que Paulo chamava de “cair da Graça” é exatamente o os crentes chamam de “minha justiça” ou “minha santidade” — o que nada mais é que negação da justiça de Deus [na prática], e a exaltação da justiça do comportamento feito de “não e não”; mas nada que seja “sim ao Evangelho”; e menos ainda: nada que seja confiança no que Jesus fez; e ponto.

Para os “crentes” o filho pródigo é um caído para sempre; e “o irmão mais velho” é o que nunca caiu na fé.

Assim é a distancia dos “crentes” em relação ao sentido do Evangelho!

Desse modo, muitos que os “crentes” chamam de “caídos” são os que estão em pé e firmes na Graça (tendo deixado o “clube da luta dos amados” a fim de poderem manter a alma íntegra para com o Evangelho). E muitos que os “crentes” dizem que nunca caíram (pois, nunca adulteraram [fora]; nunca deixaram a freqüência à “igreja”; nunca deixaram de “dizimar”; e nunca foram flagrados em nada) — de fato nunca caíram mesmo; pois, na realidade, nunca estiveram em pé; tendo apenas vivido a vida rolando no excremento de suas próprias produções fecais de justiça-própria.

Eles não caminham, mas rolam…

Os que caem são os que julgam estar em pé. Mas os que não julgam nada, mas apenas confiam no amor de Deus, esses nem quando tropeçam, caem; posto que já caem no colo do amor do Pai.

Quando a Luz brilhar e os céus se abrirem e os corações forem desvelados, grande será o pranto; e grande será o arrependimento pela presunção dos “crentes” contra os seus “lázaros”; os quais estarão assentados à mesa com Abraão, enquanto os supostos “filhos do reino” estarão do lado de fora, onde haverá trevas, choro e ranger de dentes.

Onde houver um “crente” rilhando os dentes contra um filho da Livre que não se submete aos filhos da Escrava, aí há um ente que não anda, e, portanto, não cai; posto que apenas “rola” de vomito espiritual em vomito espiritual; e tem na lama das mentiras, das fofocas e das perversidades a piscina de seus confortos mórbidos.

De fato quem rola não cai, mas não anda. E quem não anda, não segue. Afinal, o convite é para andar com Cristo, não para rolar na estrada pavimentava com os dejetos das arrogâncias que fazem os céus vomitarem.

Caio

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