A trilha sonora da atual novela das 8 da Rede Globo, “Duas Caras”, vai contar com uma voz bastante conhecida do público evangélico: Aline Barros. A música “Recomeçar” de seu Cd, “O Poder do Amor”, será incluída na novela, servindo de fundo musical para personagens evangélicos que fazem parte da trama.
Corrijam-me se eu estiver errado, mas me parece que é a primeira vez que algo assim acontece no Brasil. Não me recordo de nenhuma outra novela Global ter incluído música evangélica em sua trilha sonora.
Em se tratando de uma emissora que declaradamente favorece a religião espírita e que quando inclui evangélicos em seus dramalhões, o faz de forma caricata e estereotipada, não é pouca coisa. E consta, inclusive, que a escolha partiu do próprio autor da novela, Agnaldo Silva, um homossexual assumido.
Aline não é de forma alguma estranha à “Vênus platinada” . Andou participando de diversos programas da Xuxa e outros shows musicais da emissora, no passado recente. Sua linha é bastante moderada e não conta com os emocionalismos e exageros de outras cantoras do meio evangélico.
Mesmo sem ser admirador de seu estilo musical, gosto da produção e dos arranjos de seus discos e de sua voz, comum, mas bastante agradável. Além disso, Aline Barros é das artistas evangélicas mais conhecidas no Brasil e no mundo; não há quem não reconheça seu rosto ou sua voz no meio gospel. Assim, acho que Agnaldo Silva fez uma ótima escolha.
Mas será que isso é realmente algo bom para a comunidade evangélica brasileira? Para Aline, certamente que sim; música na novela das oito ajuda a alavancar a venda de qualquer artista, muito embora ela nem precise disso.
Detentora de diversos prêmios e de vários discos de ouro e de platina, a cantora está no auge de sua popularidade há um bom tempo e já consolidou seu nome entre as diversas denominações evangélicas. A sua música ser incluída na trilha de “Duas Caras”, vai lhe abrir novas portas junto ao público não evangélico e com certeza, engordar sua conta bancaria.
Os demais artistas evangélicos, também poderão, quem sabe, usufruir da mesma abertura e no futuro ampliar seu nicho no mercado da mesma forma. E é ai que mora o perigo; tenho certo medo que nosso meio musical que já está tão secularizado e cheio de mercenários, fique ainda pior.
A enxurrada de “lobos em pele de cordeiro”, que já existe, pode aumentar em grande proporção, de olho em uma nova fatia do mercado. Basta olhar para a industria fonográfica norte-americana; a linha que separa artistas cristãos dos demais, é muito tênue. Muitas bandas e cantores fazem músicas com letras suaves e de duplo sentido, sem abordar temas bíblicos e evangelísticos diretamente, só para poder trafegar pelos dois ramos do mercado com mais facilidade. Temas como pecado, salvação, arrependimento, nunca são abordados e quando são, usa-se uma linguagem camuflada, bem “politicamente correta”. É a banalização e desvirtualização do evangelho de forma pura e simples.
Espero que isso não aconteça aqui no Brasil. E espero que Aline use essa oportunidade para dar um bom testemunho para o nosso país, que tanto precisa do amor de Cristo. Conheci Aline, muito rapidamente, em um evento em Recife, há alguns anos atrás e ela me pareceu ser bastante equilibrada e comprometida com o Evangelho. Essa oportunidade, na minha opinião, é ainda mais importante do que o “Grammy” Latino, para o qual ela foi indicada novamente esse ano. O tal prêmio, pouca gente leva muito à sério, mesmo. Mas, trilha sonora de novela das oito, é o “Eldorado” de qualquer cantor.
NOTA
Mudando de assunto, o ator Wagner Moura, recusou essa semana um convite da Rede Globo para renovar seu contrato junto ao núcleo de telenovelas. Além disso, também recusou polpuda proposta da Record. O ator anunciou que vai se dedicar integralmente a projetos ligados ao teatro e ao cinema, respondendo assim a pergunta que a coluna da semana passada deixou no ar.
Um abraço,
Leon Neto