Existindo entre montes e quedas

Deus determinou que o mundo jamais o conhecesse por sua própria sabedoria, nos diz Paulo escrevendo aos de Corinto, na Grécia.

Ou seja: pelos meios humanos, por melhores que sejam, nenhum homem chega a conhecer a Deus — garante Paulo, ecoando Jesus, quando afirmou que não os sábios [laborando pela sua própria sabedoria], mas sim os pequeninos recebiam revelação.

Os judeus haviam pensado que por sua própria justiça humana, fruto de uma suposta obediência externa à Lei de Moisés, eles conheceriam a Deus ou pelo menos viveriam para não Lhe provocarem a Ira.

Os gregos, no entanto, são os judeus da sabedoria como salvação!

O monte Sinai dos gregos era o Olimpo. A Lei dos gregos era a Sabedoria ou a Filosofia.

Mas assim como Paulo decreta contra a presunção dos judeus “que todos pecaram e todos igualmente carecem da glória de Deus”, ele também decreta como voz do Evangelho aos gregos que viviam no Monte Sinai da Filosofia e da Sabedoria [o Olimpo], que Deus determinou que ninguém o conhecesse por meio de sabedoria humana ou da arte do filosofar; ou de psicologizar a existência, por exemplo.

Na ordem bíblica das Quedas o que se tem é o culto ao Belo [Satanás], o culto à Liberdade [Adão e Eva], o culto à Lei [os Judeus], o culto à Filosofia e à Sabedoria [os gregos] —; e, no final, ter-se-á a queda da Grande Babilônia, que é feita da soma de todas as quedas resultantes de todos esses “cultos humanos”.

Isto porque para Deus o Belo é o ser, a liberdade é amor, a lei é verdade, a Sabedoria é Crer.

Ora, se Deus determinou que ninguém o conheça por meios de auto-elevação, por que se queixa Ele de que eu não o conheça?

Ora, quando se diz que o homem não pode conhecer a Deus por seus próprios meios, apenas se diz o óbvio. Afinal, que é o homem?

A Terra nos diz quem somos quando ameaça falir em razão de nossa existência!

Se o Planeta não nos suporta, por que nos suportaria Deus?

O homem é pó, é poeira, é cisco arrogante, é sereno com complexo de Oceano, é uma breve névoa de soberba…

O único “Deus” que caberia em tal capacidade seria e é o próprio diabo!

Por isso o mundo jaz no maligno; pois lhe é natural seguir o Belo que pelo narcisismo desencadeou as demais quedas na criação, sendo que cada queda tem sua própria responsabilidade.

Então, eu digo: Estou perdido!

Sim! Pois, entregue a mim mesmo perdido estou de todos os modos!

Assim, a salvação está na Entrega à fé, e não em qualquer que seja o esforço humano.

A questão é que a doença humana é não crer.

Desde o início… Deus diz, mas temos que saber se é ou não assim como está dito. E tentamos a Deus e a vida, e o salário disso é a morte.

Ora, quem não crê jamais entrega e descansa. E, portanto, jamais é salvo.

Não é pela Estética, nem pela Auto-Consciência [Liberdade], nem pela Moral ou pela Lei, nem pela Sabedoria ou qualquer outro Monte para o qual se olhe e se diga “Eu subirei…” — que o homem se elevará para conhecer a Deus.

É simplesmente pela Confiança que se pode conhecer a Deus!

A Estética tem seu limite finito, a Auto-Consciência também, e o mesmo tem-se que dizer da Liberdade, da Moral e da Lei, e ainda da Sabedoria. Porém, a fé que age pela confiança em amor a Deus não conhece limites.

Tudo é possível ao que crê, disse Jesus; mas jamais disse isso de qualquer outra pessoa que se arvorasse a conhecer as ilimitações de Deus por meios próprios.

Somente a fé se abre ao Impossível, ao Absurdo, ao Impensável!

Por isso se diz que sem fé é impossível agradar a Deus.

Se o desejo é conhecer a Deus, o caminho é um só. O resto é exercício humano de esforço e presunção.

Creia e Conheça!

Nele,

Caio

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