Privacidade parece, não existe mais. Em todos os lugares existem câmeras, celulares, laptops registrando tudo e a todos. Quem pensa que pode passar incólume, sem ser percebido, que tome cuidado; o “Big Brother” previsto por George Orwell está mais atual do que nunca. E para quem é famoso, ainda pior. Qualquer coisa que se diga ou faça, em questão de segundos caí no universo da internet, que como todos sabem, não tem dono.
O cantor evangélico André Valadão sabe muito bem do que estou falando. Vira e mexe ele tem virado alvo de denúncias de atitudes pouco cristãs e de ética questionável. Não faz muito tempo uma de suas próprias mensagens de seu Twitter, acabou gerando grande confusão, quando ele falou de forma grosseira sobre uma determinada cidade e do hotel onde ficou hospedado. Além disso, diversos blogueiros criticaram a capa de seu CD ao vivo, por acharem que ela faz referência à símbolos do movimento gay.
Outro episódio que gerou e ainda gera muita discussão foi uma troca de e-mails de André com o pastor presbiteriano Olivar Alves, que aparentemente ficou chocado com o fato de André ter participado de um show com a banda católica “Rosa de Saron”, em um evento na cidade de Goiânia. O evento e a troca de mensagens que se tornou pública, aconteceram em 2009, mas por conta do teor ácido de ambas as partes, o episódio repercute até hoje. Não vou aqui falar sobre o ocorrido, até porque é assunto mais do que requentado, mas resolvi pegar um gancho nessa confusão toda para refletir um pouco sobre ecumenismo e a ética de dividir o palco com bandas e cantores de outras crenças.
A dicotomia que existe no Brasil entre evangélicos e católicos, não é vista em todos os lugares do mundo da mesma maneira. Aqui nos Estados Unidos, por exemplo, um país de maioria evangélica, não há maiores conflitos. As igrejas evangélicas daqui não se sentem ameaçadas ou incomodadas com a as igrejas católicas. Aliás, muitos veem os católicos como apenas mais uma religião cristã. Antes que comecem a me apedrejar, por favor, vejam que não estou concordando com isso, mas apenas relatando uma realidade. Aqui no Brasil, o contexto é completamente diferente; colonizados por Portugal, tivemos desde nossa origem como país, forte presença católica, que catequizou e monopolizou, muitas vezes de forma despótica, a religião na colônia. No início do século XX e até mesmo em anos mais recentes, a igreja católica empreendeu impiedosa perseguição aos “crentes” que eram chamados de “bodes”, “bíblias” e tinham suas igrejas apedrejadas e hostilizadas. É, portanto natural que nossa postura seja diferente.
Certamente que a Igreja de Cristo transcende o conceito de denominação e até mesmo de religião. A Igreja de Cristo é formada não por organizações, estruturas, concílios, mas sim pelos salvos que proclamam à Cristo como único e suficiente Salvador. Nesse sentido, não importa o nome da igreja ou denominação para fazer parte da Igreja de Cristo; basta ser salvo. Contudo, temos diferenças fundamentais com a doutrina católica; o culto à Maria e a idolatria aos santos são incompatíveis com nossa doutrina. A infalibilidade papal, os dogmas e as tradições que vem da cabeça do povo e não da Bíblia, são também intoleráveis para nossa fé. Falar em ecumenismo com a igreja católica e outras que destoam de forma tão frontal da essência dos nossos valores, é tão difícil quanto misturar água e óleo. Um artista famoso e conhecido no Brasil inteiro precisa pensar bem em que tipo de mensagem vai estar passando para seu publico ao associar-se a esta ou aquela religião ou denominação.
Desse episódio todo, o que achei lamentável mesmo, foi a maneira agressiva e grosseira com que ambas as partes se portaram; internet não é lugar para isso. Pastor falar mal de pastor em público pega muito mal, independente de quem tem razão. E nos dias de hoje, nada fica no esquecimento, nada passa batido.
Um abraço,
Leon Neto