No dia 17 de novembro do ano de nosso Senhor Jesus Cristo de 2019, pela primeira vez na vida, montamos uma árvore de natal em família. Naquele momento eu me perguntei: aonde estive todos esses anos? A árvore, enquanto significante suscitou em mim sonhos, projetos, desejos, orações, e, entre conversas e sorrisos estávamos vivenciando um conceito lacaniano, conhecido como cadeia de significantes.
A cadeia de significantes é inconsciente. Nela os significantes árvore, luzes de natal, papai noel, ceia natalina, estrela, anjos, e enfeites natalinos deslizam por metonímia (deslocamento) em busca de um significado.
No topo da árvore de natal ao invés de uma estrela, ou anjo, o enfeite escolhido foi um passarinho no ninho, pois tomei o significante pássaro como anjos que brilham como estrelas no céu. Então, nesse momento, o pensamento voa, simbolicamente, direto para uma pequena cidade natalícia, Belém da Judeia. O pássaro estrela no topo da árvore de natal, leva-me ao “céu” desta cidade, onde outra estrela brilhante anunciava o nascimento de uma criança, estabelecendo uma conexão com outros significantes, Filho de Deus, Cristo, Salvador…
O pássaro no ninho metaforiza o Filho de Deus em uma manjedoura, anunciando a supremacia do significante Jesus Cristo em detrimento do significado árvore. Assim, segundo Lacan, faz parte da estrutura do significante estabelecer uma conexão com outros significantes, e, assim, formar uma cadeia a qual chamamos de cadeia inconsciente de significantes. É nessa cadeia que o significante Jesus Cristo insiste metaforizando a esperança.
Helena Chiappetta
(Texto publicado em 20 de dezembro de 2019)