Desde 1991 que passei a falar muito em auto-engano, sem saber eu mesmo que os meus grandes auto-enganos ainda estavam por vir.
O que é auto-engano?
Em minha maneira de ver e dizer, auto-engano é a construção da mente em desconexão com a verdade; pois, embora o auto-engano em geral se vincule ao que chamamos de “mundo real”, ele acontece sobre a premissa da fantasia ou da realidade adaptada à conveniência, mas sem vinculo com aquilo que no mundo real é verdade sobre o mundo, sobre nós e sobre o próximo.
Auto-engano é o capricho da vontade alterando a realidade-verdade, seja inconscientemente ou semi-conscientemente, ou mesmo de modo consciente no início — para, então, depois, em razão da necessidade de conforto psicológico, a pessoa fazer o processo todo imergir no subconsciente como determinação da consciência do individuo sujeito a tal necessidade de fuga.
É assim que a pessoa começa a criar as condições para poder viver como se o que não é de fato fosse; e, desse modo, virtualizar a realidade, sempre pisando num chão “real”, porém corrompido pela fantasia, o que faz dele um chão-lugar-no-mundo-real; embora, à semelhança de um estado esquizofrênico-unificado (mono frênico) — o indivíduo surtado de auto-engano veja como verdade e realidade aquilo que ele mesmo criou para seu próprio conforto ou conveniência psicológica de engano, a fim de não encarar a verdade.
Ora, quem se entrega ao auto-engano (mesmo que seja devocional e piedosamente como os crentes costumam fazer) jamais encontrará o Evangelho como verdade libertadora; posto que no auto-engano não há Graça; pois onde há Graça aí há Verdade; e no auto-engano não há verdade, mas apenas a adesão à fantasia que escraviza a alma, impedindo-a de viver no chão da realidade-verdade, que o único-lugar-existencial no qual a libertação do ser acontece.
Todos nós temos muitos auto-enganos; mas a vida de certas pessoas é toda feita de auto-engano!
O caminho do Evangelho é livrar-nos do engano, do auto-engano, e da fantasia, a fim de nos por o pé no chão do Caminho, que é a Verdade, e sem cujo Piso para andar, não se encontra Vida.
Pense nisto!
Caio